TRANSFORME ADVERSIDADE EM AÇÃO

Descrição completa do episódio

Sonhadores e fazedores, bem-vindos ao Podbrand, podcast sobre design, estratégia e inovação.

 

Em 2024, celebramos uma ocasião marcante, os 99 anos do movimento Art Deco, uma força estética que revolucionou o design e a arquitetura.

 

O Podbrand, alinhado com os princípios de inovação e elegância que caracterizam o Art Deco, presta homenagem a este movimento que transcendeu o tempo, influenciando a forma como percebemos e criamos beleza, deixando um legado que continua a inspirar o design até hoje.

 

E isso reflete a nossa paixão por formas que combinam funcionalidade com o toque de magia.

 

Sou Maurício Medeiros, consultor em design estratégico, mentor e autor do livro Árvore da Marca, simplificando o branding.

 

No episódio de hoje abordamos um tema especial que impacta muito os líderes e empreendedores, a importância do desenvolvimento pessoal e da resiliência diante das adversidades.

 

Nossa convidada, Luciana Lobo, traz uma perspectiva única sobre como superar desafios profundos para enriquecer nossa liderança e visão empreendedora.

 

Ela é mestre em ciências biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e profunda conhecedora das práticas de yoga e meditação.

 

Luciana enfrentou o câncer transformando uma luta numa fonte de inspiração e ação social através da criação do Instituto Zencancer.

 

A Luciana compartilhará como o autocuidado e a introspecção foram cruciais em sua jornada de superação e reinvenção, oferecendo lições valiosas para que no ambiente empresarial, onde crises muitas vezes exigem mais do que soluções externas, mas sim um fortalecimento interno.

 

Luciana, seja muito bem-vinda.

 

Oi Maurício, bom dia.

 

Obrigada pela oportunidade de estar aqui conversando com você e com seus ouvintes.

 

Luciana, eu é que agradeço a aceitação do convite.

 

Uma alegria te ter hoje no Podbrand.

 

Entrando no tema, a tua trajetória nos mostra a importância do autocuidado e da introspecção, especialmente quando confrontados com desafios inesperados.

 

No mundo dos negócios, crises exigem não apenas soluções de fora, mas também um fortalecimento interno.

 

Então, sua experiência com o câncer trouxe uma nova perspectiva sobre a vida e, no contexto empresarial, muitas vezes passamos por situações análogas.

 

Pode compartilhar como a prática do autocuidado influenciou a sua capacidade de transformação e reinvenção num momento tão dramático, digamos assim?

 

Bom, Maurício, eu gosto de sempre pensar que as empresas são feitas por pessoas, né?

 

Então, a gente, às vezes, quando a gente fala da empresa, do negócio, a gente está transformando aquilo em algo muito abstrato, muito fora, sem muita humanização.

 

Então, assim, vamos pensar que esse ambiente aí é composto por pessoas, e as pessoas têm seus problemas, têm seus desafios.

 

Muitas vezes, aquilo que a gente é na empresa, na verdade, não é o que a gente é na nossa vida pessoal, né?

 

A gente acaba desempenhando ali um papel.

 

E eu acho muito importante a prática do autocuidado, mas antes da prática do autocuidado vem a prática do autoconhecimento.

 

Então, isso é algo que todo mundo deveria ser estimulado nas escolas, que as crianças pudessem investir um tempo no autoconhecimento, quais são os valores, não só o que ela aprende, mas os valores dela, né?

 

Enquanto um indivíduo, independente de seus pais, que vai se tornar um dia com seus próprios valores, com suas próprias crenças.

 

Isso acho que teria que ser desenvolvido desde a infância, e eu, por sorte, acabei descobrindo as práticas de autoconhecimento ainda na adolescência.

 

Não foi uma adolescência muito fácil, mas os livros do Mestre Oxo caíram no meu colo.

 

Eu sempre digo que os livros do Oxo, eles são excelentes para os adolescentes, que são rebeldes, né?

 

Que nem ele foi um pouco.

 

Eu sei que tem toda uma contradição com relação à forma como ele ensinava, mas me ajudou muito as meditações, desde os 16 anos, a começar a entender um pouco quem era a Luciana, o que eu gostava, o que eu queria fazer.

 

E quando você vai para o ambiente corporativo, quando você vai trabalhar na empresa com as pessoas, né?

 

E se você não tem um pouquinho disso, fica mais difícil você se relacionar ali com as pessoas, para você entender o que é seu, o que é do outro, nessa relação tão conflituosa que às vezes se estabelece de competição, que muitas vezes não é uma relação muito saudável dentro das empresas.

 

Então, quando eu migrei, na verdade, quando eu saí do ambiente corporativo, eu trabalhava numa empresa na área do segmento de turismo, trabalhei na Embratur, trabalhei no JW Merit, que é uma multinacional, né?

 

Uma rede de hotéis internacionais.

 

E eu me mergulhei no caminho do yoga e da meditação.

 

Para mim fez todo sentido, né?

 

Aquele trabalho ali que eu estava fazendo comigo mesma.

 

Eu nem pensava em ser professora de yoga, nem pensava em ensinar as pessoas a meditar.

 

Eu simplesmente queria me conhecer um pouco mais, queria conhecer um pouco mais sobre essas ferramentas.

 

E quando o câncer entrou na minha vida, numa fase que eu estava terminando o meu mestrado, que é também, não é uma empresa, mas o mundo acadêmico também é muito competitivo e muito desafiador.

 

E é uma relação muito abusiva, muitas vezes, dos alunos com os seus orientadores.

 

Ainda no período do mestrado, dentro da universidade, eu consegui criar um grupo de meditação, onde não tinham só alunos meditando comigo, mas tinham também professores meditando.

 

E eles mesmos reconheciam o quanto aquelas práticas ajudavam eles a diminuírem os níveis de ansiedade, estresse e a responderem melhor às pressões desse mundo acadêmico.

 

E eu gosto muito de comparar, eu não gosto de pensar muito no emprego, eu gosto de pensar em pessoas que se juntaram pra trabalhar com alguma coisa, né?

 

Pra prestar algum serviço, pra desenvolver alguma tecnologia, mas são pessoas ali.

 

E aí eu vou falar um pouquinho do mundo acadêmico, quando eu entrei no mestrado, porque a minha graduação é em turismo e hotelaria, e não fazia o menor sentido alguém estudar ciências e microbiologia, as pessoas sempre me perguntavam no início, Luciana, o que você veio fazer no mestrado?

 

Porque a UFRJ é um mestrado muito sério, já a prova de seleção já é um funil pra você poder entrar nesse mestrado, foi bem desafiador passar na prova de seleção.

 

Mas uma vez uma professora me perguntou assim, Luciana, o que te traz ao mestrado de microbiologia?

 

E aí eu falei pra ela um pouco sobre o lado de quem pratica ioga, de quem pratica meditação dos meus alunos.

 

E aí eu falei assim pra turma, do mundo que eu venho, da ioga, da meditação, das pessoas que buscam o autoconhecimento, elas não sabem nada sobre microbiologia, sobre sistema imune, como é que funciona o nosso corpo.

 

Elas não sabem nem fazer o cultivo de uma garrafinha de células.

 

Mas elas sabem que, se elas cultivarem bons pensamentos, boas falas, uma ação correta, elas vão adoecer menos e vão viver em harmonia, não somente com o mundo em volta, mas com elas mesmas.

 

E dentro dessa fala, inclui os dois primeiros passos no caminho do ioga, que são os yamas e os niyamas.

 

Então, os yamas é a forma como a gente se relaciona com o mundo à nossa volta, a aplicação dos valores, das virtudes.

 

E os niyamas é como você se relaciona com você e com o seu mundo interno.

 

E as pessoas ficaram paradas assim, olhando, e eu falei, é, porque eu venho pro mundo da microbiologia e vocês sabem tudo ou quase tudo sobre células.

 

Vocês sabem que pra manter uma garrafinha de células vivas, vocês precisam colocar o meio de cultura correto, com a quantidade correta de soro fetal bovino, com a estufa correta, com ou sem a presença de CO2, e vocês esquecem que vocês são uma garrafinha de células.

 

E vocês se alimentam mal, vocês dormem mal, vocês vivem estressados.

 

Então existe uma grande diferença entre o conhecimento, o entendimento e transformar tudo isso em sabedoria.

 

Então acho que o autoconhecimento ele entra aí, independente da área que você tá, seja no mundo acadêmico, seja no mundo empresarial, você precisa desse autoconhecimento.

 

Você precisa entender que todo mundo ali deveria estar trabalhando para o bem-estar do todo, para o bem-estar da organização.

 

E aí quando você vai olhar pra microbiologia, quando você vai olhar num livro que se chama The Cell, que é a bíblia da microbiologia, e aí no capítulo do câncer, tá dizendo assim, todas as células do seu corpo nasceram, trabalham, né, para o bem-estar do todo.

 

Pra que a gente tenha um organismo saudável.

 

E existem controles sociais ali dentro, pra manter essa ordem, as células se dividem dentro desse controle, se alimentam dentro desse controle, e quando uma única célula muda o comportamento dela, adquire o comportamento de uma célula de vida livre, que é o caso de uma bactéria, ela se transforma numa célula egoísta, ou numa célula de câncer.

 

E aí, claro que com a minha cabeça já de professora de yoga, quando eu li aquilo, eu fiz, gente, vamos colocar isso na sociedade, né?

 

Olhando cada indivíduo como uma célula, dentro de um grande organismo vivo, que é o planeta Terra, que tipo de comportamento nós estamos expressando?

 

É o comportamento de uma célula que se preocupa com o bem-estar do todo?

 

Ou uma célula de vida livre com uma bactéria que vai acabar destruindo, né, tudo?

 

E isso é o tempo todo na minha cabeça, viu Maurício?

 

Eu sempre pensando no micro, né?

 

Então, se a yoga diz que o objetivo é a união, então eu gosto, e as pessoas ficam pensando muito nos planetas, nas estrelas, eu gosto de imaginar, olhar pra dentro da gente, o que é um organismo saudável?

 

É quando todas as células do meu corpo trabalham pro bem-estar do todo.

 

E deveria ser assim também nas empresas, né?

 

Todo mundo trabalhando para o bem-estar do todo.

 

Não as pessoas terem dentro das empresas um comportamento de células de vida livre, serem extremamente egoístas, muitas vezes agressivas, né?

 

E irem destruindo e minando essas relações internas dentro das empresas, né?

 

Isso me lembra muito uma prática de gestão que foi idealizada pelo Dr. Eliahu Goldratt, já falecido.

 

Ele era Ph.D. em Física.

 

Mas foi uma pessoa que desenvolveu o princípio de gestão baseado na teoria das restrições, com o acrônimo TOC.

 

Ele é israelense, a sede da Goldratt Consulting é em Tel Aviv, mas tem presença no mundo inteiro, inclusive no Brasil.

 

E o Dr. Eliahu Goldratt, na sua premissa, tem um dos princípios que é o Management Attention, que é a atenção gerencial.

 

E dentro da atenção gerencial, ou dentro desse campo da gestão e liderança, ele tem o princípio de que devemos sempre observar o máximo global, e não o máximo local, que é a analogia que eu faço ao que tu falaste agora.

 

Isso significa o quê?

 

Que não adianta, numa empresa, uma área ser extremamente desenvolvida, rápida, eficiente, se, num processo que dá sequência àquela atividade, existe uma falha, uma anomalia.

 

O resultado global dessa empresa vai estar relacionado àquela anomalia, que sempre é o lado mais fraco da corrente.

 

Então o máximo local não tem a relevância, que de um certo modo a gente dá muitas vezes até em grande escala, do que o máximo global.

 

Que é exatamente o que tu falaste de outra forma, mas eu lembrei diretamente dessa relação com a teoria das restrições.

 

Eu gosto muito desse universo micro.

 

Eu sou apaixonada pela microbiologia.

 

Eu não segui, porque logo depois, eu ia entrar nessa segunda parte, logo depois de terminar o meu mestrado, alguns meses depois, eu descobri um câncer de mama.

 

Que foi também um divisor de águas dentro do meu caminho.

 

Mas quando você começa a cultivar as células, e você começa a observar o crescimento delas, e é incrível que quando você precisa expandir uma cultura de células pra poder fazer um experimento, pra poder fazer alguma coisa no laboratório, que você precise com aquelas células, você solta uma enzima, que solta as junções entre elas, que é tripsina o nome dessa enzima, e aí você tira uma quantidade de células e passa pra outra garrafinha, e elas vão aderir no material, no substrato ali da garrafinha, e vão crescer.

 

Mas quando você coloca pouca, você faz um cálculo errado, e depois de um tempo no mestrado você para de fazer esse cálculo certinho, você vai pelo olho, e muitas vezes a gente erra.

 

Quando você coloca poucas células numa garrafinha, ou seja, quando elas não conseguem se conectar umas com as outras, elas morrem.

 

Elas têm a capacidade de se dividirem, mas precisa de uma quantidade mínima de células naquela garrafinha pra realmente aquela cultura ir pra frente.

 

E é claro que eu ia fazendo conexões com isso, né?

 

Eu falava, gente, então é isso.

 

A nível celular, a gente nasceu pra nos conectarmos uns com os outros.

 

Então, por que não nos conectarmos de uma forma mais positiva, de uma forma mais saudável, né?

 

E é isso que eu venho, hoje em dia, a partir da minha experiência como paciente oncológica.

 

Então, eu descobri o câncer com 41 anos, estava abrindo o meu espaço, que não chega a ser um estúdio de yoga, eu digo mais que é um consultório de yoga, porque ele tem acessibilidade nas portas, nos banheiros, porque eu trabalho com pessoas com pouca mobilidade, pessoas com questões de artrite reumatóide, outras doenças relacionadas ao corpo, que trazem pouca mobilidade ou dificuldade, e precisa desses apoios na sala.

 

E quando eu descobri o câncer, eu estava montando essa sala.

 

E eu pensei, e agora?

 

O que eu vou fazer com isso?

 

Como eu vou dar conta de cuidar de mim, e, ao mesmo tempo, cuidar dessa obra e colocar esse projeto, realizar esse sonho?

 

E foi tudo junto e misturado, viu, Maurício?

 

Eu, assim, fazia uma quimioterapia, ia para a obra, ia com o arquiteto, escolhia o revestimento, ia fazer as coisas, e isso também me deu um senso de propósito.

 

Um senso de, olha, além dos filhos que eram muito pequenos quando eu descobri o câncer de mama, o casamento que é maravilhoso, porque, às vezes, a sua vida está um caos, né?

 

Quando chega uma doença.

 

Mas a minha vida estava maravilhosa quando a doença chegou.

 

Então, por um lado, eu também tive todo o suporte familiar para poder passar por isso.

 

E, mais uma vez, assim, pensando no coletivo, no todo, que é como eu penso hoje em dia, quando eu recebi o diagnóstico do câncer, eu recebi um ensinamento budista da minha lama que eu sigo, né?

 

Que eu considero a minha professora, que é a lama Seren, que fica aqui em São Paulo, Brasil.

 

E ela, inclusive, ela tem vários podcasts, ensinamentos que ela disponibiliza.

 

E ela falou assim, quando a gente adoece, a gente tem uma oportunidade maravilhosa de se colocar no lugar do outro.

 

Porque agora a gente sabe como é que o outro se sente.

 

E o que a gente vai fazer para ajudar o outro.

 

Então, não é sobre a gente mais.

 

Mas o adoecer pode ser trocado por qualquer outra coisa na nossa vida.

 

Então, se você perde um emprego, ou se você sofre uma humilhação no trabalho, ou se você sofre um revés na empresa, alguma coisa, você sabe como é que o outro se sente.

 

E o que você vai fazer para poder ajudar o outro.

 

Então, isso passa a ser uma inteligência coletiva, sabe?

 

Então, a gente passa a aprender coletivamente, com os acertos e com os erros das pessoas.

 

Não guardando aquilo ali como uma experiência sua, que somente você pode crescer, ou só você tem aquele conhecimento, sobre aquela experiência que você passou.

 

Então, eu acho muito maravilhoso quando as pessoas podem trocar abertamente.

 

E a minha história se tornou um pouco isso.

 

Hoje eu compartilho abertamente tudo o que eu passei.

 

E o que mais chamou atenção, acho, das pessoas foram as práticas de autocuidado, que você já mencionou.

 

Então, a importância do autocuidado é fundamental.

 

E hoje, cada vez mais, você começa a observar, e vários executivos se hoje lançando livros, falando das práticas de autocuidado deles, do quanto praticam o esporte, o quanto meditam, o quanto se alimentam de forma saudável.

 

Aquela ideia do executivo sedentário, com vários problemas de saúde.

 

Acho que isso vem cada vez mais diminuindo, né?

 

Então, você sabe que você melhora a sua performance, se alimenta melhor, se você dorme bem, se você medita, se você faz coisas que te promovem prazer.

 

Nesse momento de lazer, você é mais criativo.

 

Então, acho que tudo isso é autocuidado.

 

Certamente.

 

E em momentos de crise, seja na esfera pessoal ou mesmo profissional, é comum direcionarmos a nossa atenção para fatores externos.

 

Seja como uma tentativa de escapar da realidade, ou por atribuirmos as causas dos problemas a um ambiente externo.

 

Diante disso, qual prática específica de meditação ou yoga você recomendaria pra preservar o equilíbrio interno e facilitar a tomada de decisões claras sob pressão?

 

E que pode ajudar as pessoas, estando ou não com uma situação crítica como a que tu vivesse, de uma doença tão grave?

 

Então, falando no contexto principalmente do câncer, até quando alguém recebe um diagnóstico de câncer, ela tem uma tendência a culpar o externo também.

 

É o estresse do trabalho, é o marido, é uma relação abusiva, são os agrotóxicos, enfim.

 

O câncer, ele é multifatorial, na verdade.

 

Ele pode ser genético, o percentual é muito baixinho, mas a grande maioria vem de fatores externos mesmo, né?

 

E como o seu corpo lida, porque não é somente os fatores externos, mas como o seu corpo lida com aquelas agressões que ele sofre diariamente, através dos alimentos, do estresse, seja o que for.

 

Então, eu acho que é muito importante a gente olhar pra dentro.

 

Então, quando eu recebi o diagnóstico, eu perguntei como é que se deu essa desordem interna no meu corpo?

 

Algumas palavras eu cortei.

 

Então, guerra, luta, batalha, toda essa energia eu quis tirar de perto de mim.

 

Eu falei, não, são todas as minhas células, né?

 

Tem até uma frase que eu falei uma vez, numa entrevista, e depois entrou num livro, que dizia assim, assim como uma mãe ama todos os seus filhos, independente do comportamento deles, eu amo todas as minhas células, independente do comportamento delas, né?

 

Então, e eu amo mesmo.

 

Então, era isso que durante todo o meu processo de autocuidado, de práticas que eu fazia pra recuperar o meu corpo, principalmente pra fortalecer o meu corpo pro próximo ciclo de quimioterapia, porque foram 16 ciclos, foram 6 meses de quimioterapia, é muita quimio, é muita intoxicação pro corpo, né?

 

É muito agressivo o tratamento.

 

Então, eu precisava me cuidar.

 

A prática que eu mais fiz, e que hoje, digamos, é o carro-chefe dos institutos em câncer pelo mundo, é a prática do yoga restaurativo, que hoje a gente chama práticas restaurativas, porque a gente não tem só o yoga dentro dessa prática que a gente oferece, a gente tem muita prática de visualização, de meditação, de respiração.

 

Mas voltando na essência, na origem, quando eu adoeci e eu precisei me cuidar, então a ferramenta que eu tinha naquele momento era a prática do yoga restaurativo, que é uma prática de yoga, onde o seu corpo fica em permanência nas posturas, de forma confortável e segura.

 

Então você usa uns almofadões, travesseiros, blocos, mantas, então você dá apoio ao seu corpo, e você deixa o seu corpo e você vai induzindo o relaxamento do seu corpo.

 

Na inspiração você sente onde é que o seu corpo tá apoiado, na exalação você vai soltando o seu corpo na direção dos apoios, e quando você faz isso, você começa então a afrouxar, não só as suas articulações, mas as suas pressões internas também.

 

E você acaba criando um espaço dentro de você, primeiro para se acolher e praticar a autocompaixão, e depois para você poder encontrar os seus recursos internos para poder lidar.

 

Porque a verdade é que a gente sabe, tem tantos livros de ajuda falando que a resposta tá dentro da gente, e tá mesmo, só que a gente não para para ouvir.

 

E muitas vezes a gente também não quer aquela resposta que tá lá.

 

Anos depois a gente vai entender que talvez aquela fosse a melhor resposta, mas talvez a gente não estivesse pronto para olhar.

 

E olhar para dentro gera incômodo, gera dor, porque a gente se torna responsável por iniciar esse processo de mudança.

 

Porque você se tornou consciente sobre algo que você precisa mudar dentro de você.

 

Então a prática do Yoga Restaurativo, sem dúvida, é fundamental.

 

É uma prática que ajuda e muito a melhorar a sua qualidade do sono, a sua fadiga.

 

E eu sei que os executivos, num momento de estresse dessas empresas, estão extremamente exaustos, e eles precisam descansar.

 

O sono é algo que as pessoas estão começando a falar mais, e começaram ainda mais durante a pandemia, porque parece que o sono da população mundial inteira ficou ruim.

 

Na pandemia eu ofereci 100 dias seguidos de práticas de yoga e meditação, pelos canais do instituto.

 

E ao final do primeiro mês de pandemia, as pessoas diziam que não estavam conseguindo dormir.

 

E eu coloquei todas as segundas-feiras uma aula, onde a aula era dada na cama das pessoas.

 

Então elas se inscreviam, e eu ligava o computador na minha cama, e as pessoas abriam as suas câmeras, e elas estavam na cama delas, pessoas do Brasil inteiro e fora do Brasil, que eu não conhecia.

 

Muitas estavam de pijama, então abriam, davam boa noite e fechavam a câmera.

 

E eu montava um roteiro pra essa viagem que é o nosso sono.

 

A gente não se prepara pra uma viagem.

 

Se eu for pra São Paulo, hoje do Rio, pra São Paulo, seis horas de carro.

 

Eu tenho que me preparar pra essa viagem, então eu tenho que me preparar também, pra poder dormir oito horas de sono.

 

Então, tomar um banho, relaxar, ajustar a luz, colocar um cheirinho gostoso, não beber muita água, né, pra não ter que ficar parando no meio do caminho, quando a gente vai pra São Paulo, você não quer beber muita água também.

 

Bebe durante o dia.

 

Então, eu mandava instruções pra preparar aquela pessoa pra essa maior prática de autocuidado, que é o sono.

 

E eu guiava então esse relaxamento, fazendo pequenos movimentos, pra soltar as articulações.

 

A pessoa deitava na cama e eu guiava um relaxamento.

 

Depois de um tempo, eu desligava, a câmera saía.

 

E o feedback, Maurício, assim, incrível.

 

Olha, dormi sem tomar meu remédio.

 

Acordei uma hora depois, bebi um pouquinho de água e voltei a dormir.

 

Ouvi a hora que você saiu, mas não conseguia me mexer e acordei só no dia seguinte.

 

Então, o autocuidado é tudo que a gente pode fazer pra cuidar da nossa integridade física, mental.

 

E também, eu acho que os líderes nas empresas, né, eles também, acho que a maior liderança é pelo exemplo.

 

Eu vou dar, assim, dois exemplos de onde eu atuo.

 

Eu atuo hoje dentro dos hospitais, onde eu ofereço práticas de bem-estar pra pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde.

 

O hospital, onde a gente implementou essas práticas, com base no voluntariado, na organização do voluntariado dentro desse hospital, não chegou aonde tem que chegar.

 

No hospital, onde eu sentei pra conversar com o gestor do hospital, falando da importância disso, a adesão foi total.

 

Porque a pessoa sabe que a direção tá estimulando que eles façam aquelas práticas de relaxamento dentro do ambiente hospitalar.

 

Enquanto que no outro, se o gestor não estiver envolvido, e se ele não der um exemplo, se ele não validar aquilo, não vai adiantar nada, porque as pessoas não vão aderir também, né.

 

Então, isso é super importante, as práticas de autocuidado.

 

Então, a prática restaurativa é uma prática que eu recomendo pra quem tiver a oportunidade de fazer.

 

E a prática de atenção plena, que hoje é tão difundida, né, que é o mindfulness, então, existem muitos professores, existem muitos vídeos, existem muitas orientações, mas não precisa ser nada muito longo, não precisa ser o retiro de vipassana de uma semana em silêncio.

 

São pequenas doses que você coloca ao longo do seu dia pra observar a sua respiração, pra ajustar a sua respiração, o ritmo.

 

Porque muitas vezes a aceleração acompanha o seu ritmo mental, e não precisa, né, ela pode voltar pro ritmo aqui da nossa dimensão.

 

Então, respira pausadamente, sente o ar entrando, sente o ar saindo.

 

Então, recapitulando, a prática de yoga restaurativo, práticas de atenção plena e exercícios respiratórios que acalmam, né, não que estimulam.

 

Eu acho que são fundamentais pra saúde, bem-estar de pessoas dentro ou fora de uma organização.

 

É, tu tocaste num ponto crucial, acho que no momento em que a nossa geração da humanidade vive, que é o conflito de atenção em função da massificação de informações que a gente tem.

 

E não só isso, eu diria que um volume muito grande de informações que nos perturbam.

 

Em todos os sentidos.

 

Pode ser pra alguém que é aficionado ao esporte e seu time não ganha, então se perturba por estar sofrendo pela derrota, ou pela política, ou pela corrupção, ou pela guerra, ou pelos desastres naturais.

 

Enfim, a gente nunca teve tanta informação disponível na história da humanidade como hoje.

 

E não é incomum ir pra cama com o celular na mão e ficar assistindo notícia ou se atualizando na cama.

 

Exatamente antes do ato de dormir, que seria o antídoto pra quem não quiser dormir, acho que justamente se dedicar a esse tipo de atividade.

 

Mas de que maneira nós podemos resgatar mais a atenção e diminuir o ritmo, que também impacta na impulsividade, da nossa jornada no dia a dia?

 

Olha, eu vou falar um pouco sobre a minha experiência.

 

Eu acabei de montar um refúgio pra mim, né?

 

O refúgio é uma palavra que vem do budismo também.

 

Eu montei um refúgio em Araras, que é a região serrana aqui do Rio de Janeiro.

 

Era meu sonho desde...

 

Eu sempre quis ter um refúgio.

 

Do momento que eu terminei o colégio e entrei pra universidade, eu já queria morar no meio do mato, mas aí eu casei com o meu marido e a vida foi levando.

 

Tivemos dois filhos, ficamos aqui na cidade.

 

E depois do câncer eu tinha essa necessidade de estar mais em contato com a natureza.

 

Eu acho que a primeira coisa é a gente, sempre que tiver oportunidade, ir para a natureza, né?

 

Observar mais a natureza, observar o ritmo da natureza, observar as estações, contemplar.

 

Eu sempre que caminho em boche, caminho em parques, eu sempre me abaixo pra pegar sementes.

 

Eu acho sempre uma semente uma coisa incrível.

 

Imaginar que todo o potencial vai se transformar naquela árvore que está ali dentro daquela semente.

 

E assim somos nós também, com todo esse potencial que nós temos.

 

E muitas vezes a gente não tem o solo adequado, as condições adequadas pra poder deixar que esse potencial venha à tona.

 

Eu acho que o ser humano, ele precisa voltar pra esse olhar do cuidado com a natureza.

 

Eu penso um pouco no Zem Câncer, por exemplo, que hoje é a minha plataforma, é o meu propósito de vida.

 

A gente hoje pode dizer que já é uma organização global, porque a gente tem voluntários na Holanda, a gente tem participante na República Tcheca, no Canadá, nos Estados Unidos, em Portugal.

 

Em Portugal a gente tem uma base do Zem Câncer constituída, a gente tem uma base do Zem Câncer no Brasil.

 

E a gente tem hoje uma rede de voluntários e participantes que estão nessa busca por se tornarem seres humanos mais saudáveis a partir do adoecimento do câncer.

 

Então o que o Zem Câncer faz é promover saúde.

 

Então nossa visão é promover o bem-estar a todas as pessoas tocadas pelo câncer.

 

Isso significa os pacientes, os familiares e também os profissionais de saúde.

 

E todas as práticas que a gente oferece dentro do instituto são práticas de autoconhecimento, são práticas de autocuidado.

 

É a pessoa criar um espaço pra ela, pra ela poder voltar a ser.

 

Tem uma expressão que é muito legal, assim, human doing e human being.

 

Então a gente tem que ser menos human doing, de fazer, e temos que ser mais.

 

E é um pouco isso.

 

E a verdade, Maurícia, é que quando chegar no finalzinho da nossa vida e vai chegar pra todo mundo, a gente não sabe quando, se vai ser um desencarne coletivo ou se vai ser individual, é que a gente vai se lembrar naquele momento das coisas mais simples.

 

Das coisas mais simples, não vai ser daquilo que talvez a gente corria a vida inteira atrás pra poder ter.

 

Eu lembro quando uma pessoa próxima a mim estava falecendo e a gente queria fazer uma homenagem pra ela.

 

O que você quer?

 

Qualquer coisa, ela já não estava mais comendo.

 

E a gente queria levar alguma coisa pra ela comer que pudesse dar um prazer pra ela naquele momento.

 

Ela falou assim, ah, eu queria tanto comer uma coxinha de galinha e um guaravita.

 

E aí eu fiquei pensando, é claro que a gente conseguiu a coxinha de galinha frita na hora pra ela.

 

Coxinha é um salgadinho aqui no Brasil, gente.

 

Vocês vão saber, né, que só tem brasileiro que fala em português.

 

E o guaravita que é essa bebida adocicada, né, a base de Guaraná.

 

E a gente conseguiu levar isso pra ela.

 

Mas isso me faz refletir que no final de tudo, ela tinha tanto reconhecimento acadêmico, tantos post-docs na vida, tantas coisas.

 

E na hora de ir embora, a última coisa que ela queria saborear era uma coxinha de galinha e um guaravita.

 

Então isso me faz pensar que não são as coisas, não foi aquela champanhe, aquele vinho, aquela comida, aquele tempero.

 

É o seu dia-a-dia mesmo.

 

Então se é o nosso dia-a-dia, por que não colocar mais valor no nosso dia-a-dia?

 

Por que não viver mais presente com as pessoas que realmente nos nutrem?

 

E também nutrir a vida das pessoas, né?

 

Ser uma luz também na vida dessas pessoas.

 

Estar mais presente eu acho que é fundamental na vida dos nossos filhos, na vida do nosso parceiro, da nossa parceira.

 

Porque muitas vezes a gente tá, mas não tá, né?

 

Cada um tá com o seu celular.

 

Então ter um tempo junto, eu acho que todo mundo tá precisando.

 

E os estudos estão cada vez mais mostrando isso.

 

Não somente o desempenho nas empresas, ele aumenta quando as pessoas são mais felizes.

 

As empresas estão mais preocupadas com o bem-estar e a felicidade dos seus funcionários também.

 

Existem hoje em dia startups focadas em desenvolver projetos de felicidade para as empresas.

 

Mas tem que ser genuíno.

 

Tem que ser genuíno.

 

Não tem que ser somente para poder aumentar a produtividade.

 

É porque trabalhar ao lado de pessoas felizes é muito legal.

 

Trabalhar perto de uma pessoa feliz é muito legal.

 

Esse tem que ser o objetivo.

 

E o propósito também, de fazer o que você faz.

 

Acho que hoje em dia, principalmente após a pandemia, muitas pessoas estão mudando de áreas porque elas não veem propósito naquilo que elas fazem.

 

Então tem que ter o propósito.

 

Você tem que ver que aquilo vai gerar um benefício para alguém.

 

E fazer com essa motivação pura.

 

Eu acho que o advento da pandemia provocou a introspecção e reflexão.

 

Por conta de ficar afastado do trabalho por um bom período de tempo, ou mesmo trabalhando de casa, enfim.

 

Provocou nas pessoas mais reflexão sobre toda a jornada da vida.

 

Isso certamente impacta muito nas decisões.

 

Luciana, você deve ter muitas histórias inspiradoras de transformação que advêm do Instituto.

 

Como compartilhar uma que ilustre a força dessa integração para superar adversidades?

 

E como uma abordagem similar pode ser valiosa no desenvolvimento de líderes e mesmo na cultura empresarial?

 

Olha, são tantas histórias que a gente escuta nos encâncer.

 

Tantos feedbacks que a gente recebe dos nossos participantes, sem dúvida.

 

Enquanto muitos dizem que, na verdade, existe uma vida antes do Zincâncer e uma vida depois do Zincâncer.

 

Algumas pessoas falam para a gente assim, olha, queria tanto ter encontrado o Zincâncer um ano atrás.

 

Meu tratamento teria sido totalmente diferente.

 

Mas tem uma história que não sei se vai se aplicar exatamente dentro do conceito de empresa, do que tem.

 

Mas eu cortei o cabelo recentemente.

 

Meu cabelo estava na cintura.

 

Eu comecei a deixar o cabelo crescer.

 

Fiquei carequinha.

 

Fiquei bem carequinha, né?

 

Carequinha totalmente.

 

E meu cabelo foi crescendo muito encaracoladinho.

 

Então fui cortando, cortando até ele pesar.

 

E na pandemia ele estava mais ou menos nessa altura.

 

E depois da pandemia não cortei mais o cabelo.

 

Só fui aparando as pontas e cortei semana passada.

 

E o meu cabelo era um grande cartão de visita quando eu entrava nos hospitais para falar com as pessoas.

 

Porque era mais palpável a ideia da impermanência.

 

Uma hora você está careca, mas o cabelo vai crescer.

 

E parece bobeira, não é pelo cabelo e pela estética.

 

Mas significa que você já passou por aquela etapa da quimioterapia.

 

E eu estava um dia dentro do hospital, com o meu cabelo na cintura quase.

 

E veio uma mãe com um filho que não era mais adolescente.

 

Ele já tinha 18 anos, então ele não poderia mais ter acompanhantes.

 

Mas o médico chamou essa mãe no hospital.

 

Isso é um hospital público aqui no Rio de Janeiro.

 

Porque ele estava querendo desistir do tratamento.

 

Porque ele estava longe da família, longe dos amigos. 8 anos, ainda é um adolescente.

 

Apesar de ter uma... ele acabou de sair da adolescência.

 

Entrou na fase adulta.

 

Mas ele ainda tinha essa questão.

 

Ele não estava pronto para ficar sozinho no hospital fazendo tratamento.

 

Então ele queria desistir do tratamento.

 

Ele não acreditava que fosse ter cura, o que ele estava passando.

 

E aí eu estava conversando com uma das voluntárias.

 

E por acaso eu estava com o meu livro na mão.

 

E a foto do livro, a capa, sou eu careca.

 

E aí quando a mãe olhou para aquela foto, viu uma pessoa careca.

 

Ela olhou assim, é você?

 

Aí eu falei, sou.

 

Aí eu sempre coloco o livrinho assim do lado, né?

 

Para ver se tem alguma semelhança.

 

Ela olhou para o filho, eu não sabia o que estava acontecendo.

 

Mas ela olhou para o filho e falou assim, está vendo?

 

E você aqui, querendo desistir do tratamento.

 

Olha aqui, Jesus está te mostrando.

 

Aqui a cura na sua frente, evangélica ela, né?

 

Está vendo aqui a prova de que é possível se curar do câncer?

 

E ele estava completamente fora do ar, sabe?

 

Ele estava assim, desligado.

 

De repente é como se alguém tivesse estalado alguma coisa no ouvido dele.

 

Ele virou para mim, é você mesmo?

 

Aí eu falei, sou, sou eu.

 

Aí ele, eu posso tirar uma foto com você?

 

Eu falei, claro que pode.

 

Aí ele tirou a foto.

 

E aí eu troquei algumas ideias com ele.

 

Falei do meu tratamento e tal.

 

E aí eu estava em casa.

 

E aí você sai do hospital como se aquilo não tivesse ter um impacto, né?

 

E aí ele postou e me marcou, né?

 

Marcou um instituto falando que ele, a partir daquele momento, daquele encontro, ele tinha tomado a decisão que ele ia fazer o tratamento dele.

 

Porque ele acreditava que era possível de se curar também.

 

Isso não se enquadra exatamente com o que você me perguntou.

 

Mas esse é um dos exemplos, assim, que mais me marcou.

 

Porque é o nosso exemplo.

 

É o nosso exemplo.

 

É o tempo todo o nosso exemplo.

 

As pessoas olham para a gente e buscam, muitas vezes, algo que a gente nem sabe que a gente está dando, né?

 

Então acho que é isso, assim.

 

Acho que todo mundo esquece o conceito exatamente da empresa, daquela coisa de, mas assim, dos seres humanos que estão ali dentro.

 

Eu hoje estou, coordeno um field project dentro da FGV de Direito do Rio, chamado Vamos Falar de Câncer nas Empresas.

 

Então os alunos estão desenvolvendo questionários e formulários para entrevistar os RHs das empresas, para entender o que eles fazem quando um colaborador diz que está com câncer nas empresas, ou quando ele é um familiar de um paciente oncológico, se existe alguma política de acolhimento.

 

Não quero saber das leis brasileiras, porque as leis brasileiras as empresas são obrigadas a cumprir.

 

Mas porque as pessoas têm medo de falar.

 

Não é só do câncer, elas têm medo de falar dos seus problemas.

 

Então a gente deveria começar a se preocupar em ter um ambiente mais acolhedor, dentro do ambiente corporativo, para ser mais fácil para todo mundo.

 

Como o exemplo impacta para o bem e para o mal.

 

E para o bem e para o mal o tempo todo.

 

O exemplo negativo traz consequências negativas em outras pessoas, e o positivo, esse que tu comentaste, que tu vivenciou, foi transformador para esse rapaz.

 

Como esse, com criança eu tenho um monte dentro do hospital.

 

Então, só de você entrar no hospital, você sai de lá e fala assim, gente, a gente não pode estar aqui fora reclamando não.

 

Vamos parar de reclamar.

 

É porque as pessoas não podem entrar para fazer visita em hospital, tem que ter um projeto, tem que ter um propósito para entrar dentro do hospital.

 

Mas quando eu saio de lá, eu saio muito melhor do que eu entrei.

 

Eu saio com um sentimento profundo de gratidão, de estar nesse lugar, de poder estar levando uma palavra, um relaxamento, estar ali de alguma forma acolhendo, desenvolvendo empatia com essas pessoas, tornando o processo um pouco mais leve.

 

Todo mundo deveria fazer um pouquinho isso.

 

Todo mundo que senta ao lado de alguém, perceber que alguém não está legal no trabalho, deveria tentar transformar o dia dessa pessoa em um dia mais leve também.

 

Sim, certamente.

 

Eu tenho uma experiência familiar que eu vivenciei há vários anos atrás.

 

A minha irmã teve câncer dos 22 aos 35 anos.

 

E passou por cinco cirurgias, cinco tratamentos de quimioterapia, numa sequência ao longo desse tempo.

 

Então, aos 35, quando ela estava numa situação bastante delicada, no hospital, com já um lado do corpo paralisado, era próximo do Natal.

 

O aniversário dela seria dia 15 de dezembro.

 

E eu então levei uma árvore de Natal e montei essa árvore de Natal no quarto dela.

 

Bolinhas de Natal e tudo mais.

 

E como isto era, sei lá, 10 de dezembro, ela ficou irritada comigo e brava, porque ela disse mas tu espera que eu vou ficar aqui até o dia 25, eu vou pra casa antes.

 

Tal a vontade dela de viver e de querer estar em casa.

 

Então eu a confortei quando eu disse não, então vamos fazer o seguinte, o andar de baixo era o hospital da PUC, em Porto Alegre.

 

É exclusivo para crianças, então a gente dudou a árvore para as crianças o dia que tu saíres.

 

Três dias depois ela faleceu.

 

Então como a vontade, ela sempre teve uma vontade muito grande de viver, de fazer as coisas dela, de uma filhinha pequena, nove anos na época.

 

E como isto impacta, e nunca mais esqueci desse exemplo da árvore de Natal, que para ela simbolizou mais dias do que ela pensou estar lá.

 

E de fato ela foi para a casa de Deus, com Deus, três dias depois.

 

Iniciar o Instituto ZENcancer não foi apenas um ato de voluntariado, mas também uma demonstração de liderança e visão empreendedora tua, Luciana.

 

Da mesma forma, no mundo dos negócios, os empreendedores são desafiados a liderar com propósito, superando obstáculos e fazendo um impacto significativo na sociedade.

 

Como você identificou a sua missão e quais dicas daria para os empreendedores na busca do seu propósito?

 

Uma vez que talvez as situações adversas nos provoquem mais a identificá-los.

 

Estou ainda digerindo aqui a história da sua irmã.

 

Obrigada por compartilhar.

 

São tantas histórias dentro do hospital.

 

Se eu ser permitir, vou contar só uma.

 

Estou escrevendo o segundo livro agora, que é o Baú da Gisele, que é a continuação de um livro que a gente escreveu numa disciplina de extensão que a gente tem com a UFRJ, também chamada Vamos Falar de Câncer.

 

E essa disciplina, a gente criou esse livrinho chamado Baú da Vovó e agora eu queria escrever a continuação, que é o Baú da Gisele, que é a Gisele, cinco anos depois, já voltando para fazer seus exames de rotina e querendo ajudar as outras crianças no hospital.

 

E esse livro, eu tive a ideia de fazê-lo justamente estando dentro do ambiente hospitalar com as crianças, porque eu passo pelas enfermarias convidando as mães para saírem um pouquinho e respirarem, porque elas precisam se nutrir, elas precisam se renovar para poder voltar.

 

Não sabe quanto tempo vai permanecer.

 

Tinha uma mãe que estava há quatro anos dentro do hospital com a filha.

 

E aí, quando eu fui passar tirando as mães para poder fazer uma respiração, eu falei, vamos lá, mãe, vamos fazer uma prática de respiração.

 

Aí a mãe, ai, estou muito cansada, elas estão tão exaustas, elas não querem nem sair de onde elas estão.

 

E aí, uma criança, a Isabela, que tem oito anos, ela falou, eu quero ir, eu quero aprender a relaxar.

 

E ela queria, queria, queria, mas a mãe não queria.

 

E a mãe falava, minha filha, você está fazendo quimioterapia?

 

Ela falou, não, mamãe, estou no soro já, a quimio já terminou.

 

Assim, o grau de maturidade dela saber qual é a bolsa que é a quimio e qual é a bolsa que é o soro.

 

E eu falei, gente, como é que eu posso ajudar a essas pessoas?

 

Então, o livro, só de curiosidade, é a Gisele narrando para as crianças uma prática de relaxamento, já pensando que quando a mãe for ler esse livro no leito para a filha, na verdade, ela está induzindo um relaxamento para essa filha, ao ler o livro que ela vai pedir.

 

Então, fecha os olhinhos, imaginando que a criança fecha os olhinhos e a mãe ou a acompanhante vai poder guiar, né, esse relaxamento.

 

O ZENcancer, ele nasceu muito desse ensinamento que eu recebi de pensar nas outras pessoas, né?

 

Porque eu venho de um lugar de muito privilégio, de ter um plano de saúde, de poder ter escolhido os meus médicos para fazer o meu tratamento, de ter uma relação estável, familiar. 70% das mulheres são abandonadas pelos seus maridos, companheiros, ou casamentos a partir da descoberta do câncer, às vezes em até 5 anos, né?

 

Então, eu tinha tudo, sabe?

 

A sensação que eu tinha é que o universo falava assim, olha só, não tem como evitar você de passar por isso, mas você vai passar da melhor forma possível.

 

E era assim que eu senti que eu estava passando da melhor forma possível.

 

Mas aí vem aquela vozinha assim, e as outras pessoas?

 

E as outras pessoas?

 

E as outras pessoas?

 

Então, começou simplesmente com um desejo genuíno de compartilhar aquilo que me fez bem com as outras pessoas.

 

Eu abri o meu espaço para receber as pessoas no meu espaço, proporcionando a elas aquilo que eu sabia proporcionar a mim mesma.

 

Só que aí, pelo exemplo, outros voluntários foram chegando, os reikianos foram chegando, homeopatas, as pessoas das práticas integrativas e complementares foram chegando, os massoterapeutas foram chegando, todo mundo queria oferecer alguma coisa naquele que era um projeto, que era um projeto ainda meu, muito pessoal.

 

Em 7 meses, a gente entendeu que tinha um crescimento enorme, que precisava criar um instituto, e eu quis que não levasse o meu nome, porque eu não queria que fosse algo associado somente, que fosse uma coisa maior do que...

 

Nós somos um grãozinho de areia dentro desse... poeirinha no espaço, então não tem que fixar o meu nome, tem que fixar o objetivo, que é promover o bem-estar a todas as pessoas tocadas pelo câncer.

 

E começou a crescer, mas ainda era muito limitado localmente, eu não tinha a menor ideia de como é que isso cresceria também.

 

Eu lembro que uma vez a Lama falou assim para mim, é tão lindo o trabalho que você faz, mas é tão pequenininha a sua sala, porque só cabiam 10 pessoas.

 

Quando as pessoas estiverem lá relaxando, meditando, você visualiza centenas de pessoas.

 

Eu nunca pude imaginar que um ano depois a gente ia ter pandemia, eu teria 200 pessoas meditando e fazendo práticas regularmente comigo no instituto, porque a pandemia permitiu isso.

 

E as coisas foram crescendo muito, porque todo mundo vai se conectando com o propósito, e à medida que você serve, e você vê o benefício no outro, quando o outro te dá o feedback do quanto aquilo foi bom, você quer continuar.

 

Quanto mais você serve, mais você quer servir, e é muito isso mesmo.

 

Por isso as pessoas dizem, eu não dou nada, eu recebo.

 

O que eu dou é muito pouco perto do que eu recebo.

 

E foi crescendo, e eu digo, recentemente eu estava um pouco com o meu conselho consultivo, fazendo uma meia-culpa, porque a gente ainda está finalizando o nosso planejamento estratégico, porque as coisas foram crescendo, e eu fiz uma analogia do Zincâncer como um bebê mesmo.

 

Então quando você inicia um processo embrionário, é uma massa de células ali.

 

Então nós fomos uma massa de células, sem se diferenciar ali, e à medida que a gente foi crescendo, a gente vai se diferenciando, e se especializando.

 

Então hoje cada vez mais a gente já vem se diferenciando, se especializando, e a gente tem hoje um núcleo com várias práticas, com coordenadores financeiros, administrativos, de informática, de acolhimento.

 

Então a gente cada vez mais agora vem se diferenciando.

 

Agora a gente já tem Brasil, Portugal, e agora a gente está fazendo a global.

 

Então a global vai reger Portugal, vai reger Brasil, e vai climatizar para cada país.

 

O que é específico de cada país.

 

Então eu acho que o que mais fez o Zincâncer crescer, sem dúvida, a minha visão de que é possível fazer, que é possível fazer com amor, que mesmo que não tenha nenhum voluntário, eu estarei lá também no hospital fazendo, e continuo dentro do hospital.

 

E também não espero que eu consiga captar o recurso para comprar um tapetinho de yoga.

 

Eu vou lá e compro esse tapetinho de yoga, e a gente vai fazendo as coisas acontecerem, e não para de crescer.

 

Aqui no Brasil já passamos de 650 pacientes oncológicos, agora abrimos uma porta de entrada para profissionais de saúde no Instituto.

 

São cinco hospitais, estamos presentes em alguns países já, possibilidade de crescer para outros países de língua portuguesa brasileira.

 

E o meu desejo é o seguinte, e deixar registrado aqui, qualquer brasileiro, qualquer pessoa de língua portuguesa que esteja passando pelo tratamento oncológico, que saiba que não está sozinho, ou sem ajuda.

 

Que o Zincâncer está aqui, que é uma rede de apoio e de suporte, e que a gente pode atender você onde quer que você esteja, porque a gente oferece práticas de relaxamento e meditação gratuitas online.

 

Então você não precisa mais passar por isso sozinho.

 

Essas práticas, elas são individualizadas, ou elas são em grupo, com uma agenda já pré-determinada, que as pessoas podem acessar?

 

Não, nós temos algumas práticas que são individuais, mas normalmente a gente, para poder otimizar os recursos que a gente tem, de tempo, dos nossos voluntários, as práticas, de um modo geral, são coletivas.

 

Mas então as práticas de relaxamento, de yoga, meditação, grupos de terapia cognitivo-comportamental que a gente tem, isso também, práticas respiratórias, isso tudo em grupo.

 

E aí a pessoa acaba criando também uma comunidade, um sentimento de pertencimento a um grupo.

 

E aqui no Zincâncer, a gente não fala sobre a doença.

 

A gente fala sobre o indivíduo.

 

Como é que a gente pode fazer ele voltar para a ordem natural dele.

 

E a gente também não fala de cura, porque algumas pessoas vão se curar, e outras estão em outras fases do tratamento.

 

Então é sobre o bem-estar mesmo, como passar por isso com leveza, com bem-estar, da melhor forma possível.

 

E as pessoas que não estão cometidas com a doença, elas podem também participar, não só como voluntárias, mas também fazendo as práticas integrativas e holísticas de meditação e yoga que são ministrados no Instituto, de forma online.

 

A gente abre só para profissionais de saúde e para familiares de pacientes oncológicos.

 

A gente hoje estruturou uma porta de entrada para os profissionais de saúde, porque tem que ter um voluntário para fazer o acolhimento dessas pessoas e fazer a gestão do grupo, para poder compartilhar as informações.

 

E a gente também quer fazer uma porta de entrada para os familiares.

 

E esses familiares, eles não necessariamente têm que estar com o paciente em tratamento.

 

Já pode ter passado pelo tratamento.

 

Qualquer pessoa que tenha sido...

 

Por isso que...

 

Qualquer pessoa tocada pelo câncer.

 

Tocada no sentido assim, se o câncer entrou na sua vida de alguma forma, então vamos devolver a ordem.

 

Mas não é para a gente ter um horror a essa doença não, viu Maurício?

 

Eu não trato o câncer como uma coisa, porque as doenças que mais matam são as doenças coronárias.

 

São as doenças do coração.

 

E nem por isso as pessoas falam, olha, não pronuncia a palavra coração, porque de vez em quando as pessoas morrem por causa do coração, viu?

 

Então a gente tem que também tirar um pouco desse peso que foi colocado no câncer.

 

O câncer sim é uma doença grave, mas a medicina avançou bastante.

 

Os tratamentos avançaram bastante.

 

Algumas pessoas vão sobreviver, outras não vão sobreviver.

 

Umas vão ficar com câncer e tratando com uma doença crônica por anos e anos e anos e anos e anos e anos.

 

E pode vir a morrer de uma outra coisa que não seja o câncer.

 

Então também mudar um pouco esse olhar sobre o câncer ajuda o paciente oncológico, ajuda o familiar, ajuda todo mundo.

 

Porque existe um stigma muito grande em cima do...

 

Por isso que eu gosto de falar, meu marido fala que eu desmancho rodinha em eventos sociais, porque as pessoas chegam, a primeira vez que eu tenho, não porque eu tive câncer de mama, enquanto as pessoas querem esconder o que elas passaram, eu falo, não, olha só, porque eu tive câncer de mama, porque eu preciso falar sobre isso.

 

Não é que eu tenha necessidade, é porque a gente precisa falar com naturalidade sobre isso.

 

Porque outras pessoas vão estar ouvindo e amanhã podem receber o diagnóstico ou uma pessoa próxima.

 

E aí vai falar, olha, eu conheci a Luciana, ela teve câncer de mama, ela está aí 7 anos, está bem.

 

Não quer dizer que daqui a 10 anos eu esteja, mas não importa, hoje, no momento presente, eu estou bem.

 

E essa mensagem precisa ser dita para as pessoas.

 

Muito bem, Luciana.

 

Nós chegamos agora no PingaFoco.

 

São três perguntas que eu faço a todos os convidados.

 

A primeira delas, quais são as virtudes do empreendedor de sucesso?

 

Eu acho que é a motivação pura dele fazer o que ele faz e como ele faz.

 

E ter a determinação de seguir adiante, mesmo quando ele acha que não vai dar certo.

 

Eu falo pelo meu instituto, porque a primeira vez que eu fui dar uma prática, apareceu uma única participante.

 

Então, hoje, quando os voluntários vão dar uma aula e abrem a câmara, só tem um participante.

 

Eu falei, não desista.

 

Já são mais de 650, e tudo começa com uma única pessoa ali podendo fazer essa prática.

 

Então, acho que tem que ter a determinação de seguir adiante, de confiar, de acreditar que vai dar certo.

 

E a motivação pura, porque aí tem um propósito de fazer o que a gente faz.

 

O que diferencia os sonhadores dos fazedores?

 

Olha, como eu sou uma sonhadora que faz, é difícil separar essa pergunta para mim.

 

Até no meu livro eu disse que tudo que eu sonho, eu acho que eu posso alcançar.

 

Porque se eu não pudesse alcançar, minha mente nem faria aquela conexão.

 

Eu acho que o sonhador, se ele ficar só no campo das ideias, do sonho, você tem que ir para a ação.

 

Você tem que acreditar naquilo que você sonhou e você tem que manifestar aquilo de alguma forma.

 

Acho que tudo começa com um sonho no nosso mundo interno.

 

Primeiro a gente visualiza o que a gente quer.

 

E depois a gente manifesta isso no mundo externo.

 

Então, a capacidade de visualização é muito do ser humano.

 

Então, a gente precisa ir ao foco.

 

Tudo que eu manifesto, seja uma casa, uma decoração, de tudo eu fico horas visualizando aquilo acontecendo dentro de mim, colocando detalhes e formas até aquilo se manifestar.

 

E a última, o que é design?

 

Para mim é beleza.

 

Eu amo essa profissão.

 

É você ter uma necessidade e você criar uma solução.

 

Quando a gente pensa em design, olha o design daquilo.

 

Eu sempre penso na beleza, nas linhas, nos traços, numa solução criativa.

 

Mas sempre com a beleza associada.

 

Muito bem.

 

Eu lembrei nesse momento do Roberto Palmeira, que você participa do Instituto, não é?

 

Sim, sim, amigo querido.

 

E eu tenho uma relação em relação ao que ele faz com o design que é o seguinte, que eu acho que ele desenvolve com o design que é o seguinte, que eu acho que ele desenha sonhos para as pessoas.

 

E ele e todos os voluntários, como você e tantos outros.

 

E são sonhos significativos mesmo.

 

E é muito engraçado porque o Roberto, eu participei de tantos workshops com ele, tantos, e eu falava, meu Deus, mas qual é meu sonho?

 

Porque eu tenho a capacidade de materializar, quais são os meus sonhos?

 

E ele me fez me reconectar com dois sonhos que eu tinha perdido na vida.

 

Um são os cavalos, que eu sou apaixonada por cavalos, então a partir desse workshop que eu fiz com o Roberto, eu voltei a me conectar com os cavalos, que me fez um bem enorme voltar a ter essa relação.

 

Eu não tenho cavalo, mas eu vou em áreas que tem cavalos, eu preciso desse contato com eles.

 

E o outro é hoje eu ter uma casa no meio do mato também, porque eu tinha deixado esse sonho de lado, e eu realizei recentemente esse sonho, e toda vez que eu chego lá eu agradeço.

 

Porque isso também é importante, né, Maurício?

 

Às vezes a gente tem um sonho, a gente realiza e a gente esquece, né?

 

E a gente esquece de agradecer.

 

A gente precisa exercitar mais a gratidão por cada sonho que a gente já realizou.

 

Sim, só para as pessoas que não conhecem, o Roberto Palmeira é o idealizador do Instituto Rope, e temos um episódio lindo no Podbrand, visitem o site podbrand.design, lá vocês vão encontrar essa maravilhosa conversa com o Roberto Palmeira.

 

Então, nós chegamos numa das nossas seções mais pesquisadas no nosso site, que é a indicação de leituras.

 

Quais livros impactaram na tua trajetória?

 

O único livro que eu não tenho aqui pra dizer pra você é o livro do Bruce Lipton, A Biologia da Crença, mas aí você coloca lá depois.

 

Foi esse livro que me fez querer fazer o mestrado em microbiologia, ter um pouco mais desse conhecimento, né?

 

Mergulhar dentro das nossas células, foi a partir desse livro.

 

Então, A Biologia da Crença, do Bruce Lipton.

 

Eu, Maurício, hoje em dia eu leio basicamente livros espirituais, tá?

 

Não leio muitos livros técnicos.

 

Então, do professor da minha professora tem um que eu amo muito, que é Para Abrir o Coração, que é esse aqui.

 

Opa!

 

Eu vou abrir a tela, tu pode mostrar o livro.

 

E depois eu passo pra você.

 

Então, é um livro pra quem é praticante do budismo, mas mesmo quem não é budista tem ensinamentos preciosos aqui pra vida.

 

É o Shagdu Tuko.

 

Depois eu coloco pra você.

 

Os livros todos da Pema Chodron também, que é uma monja budista, né?

 

Então, todos os livros dela são maravilhosos e eu gosto muito.

 

E o meu livro também, né?

 

Que eu acho que é legal, assim, onde eu conto toda a minha história com muita sinceridade, com muita verdade.

 

Abro meu coração, falo das minhas inseguranças, das minhas fraquezas, mas ao mesmo tempo que a partir dessas inseguranças e fraquezas surgiu uma força que me norteia até hoje, né?

 

Fazer o que eu faço, né?

 

Ir pra Portugal, inspirar as pessoas, pra que as pessoas se envolvam como voluntários, participem como pacientes oncológicos, e a gente consiga estabelecer essa rede de amorosidade e acolhimento que possa cobrir o planeta todo.

 

Mencione o título do teu livro pras pessoas que estão escutando pelo Apple e Spotify.

 

É.

 

O que aprendi com minhas células rebeldes.

 

Muito bem.

 

Muito bom.

 

Excelente dica.

 

E pra facilitar o acesso de todos, nós disponibilizamos os links destes livros diretamente na descrição.

 

Além disso, eu convido vocês a explorarem a sessão livro no site podbrand.design, onde reunimos uma curadoria com mais de 300 livros recomendados por nossos convidados.

 

Não deixem de conferir.

 

E o link também está aí abaixo, na descrição.

 

Bem, Luciane, eu tenho ainda a pergunta do Ciro Rocha, que foi o nosso convidado do episódio anterior.

 

O Ciro é criador e CEO da Enredo Brand Innovation.

 

E a pergunta dele foi se você pudesse escolher qualquer pessoa do mundo pra viver um dia da vida dela, qual pessoa seria essa?

 

Então, de uma forma muito humilde, não me comparando de forma alguma com ela, mas uma pessoa que, sem dúvida, é uma inspiração pelo trabalho que fez pra nossa humanidade, a Madre Teresa de Calcutá, um trabalho lindo.

 

Eu sempre digo que ela não precisou de um business plan, não precisou de um plan de ameaça estratégica, ela simplesmente foi pra rua e foi recolhendo as pessoas pra que as pessoas pudessem ter uma morte mais digna.

 

E ela foi liderando pelo exemplo.

 

E eu lembro no filme, se é real, se não é real, eu não sei, quando ela chega em Nova York pra ter uma reunião com o board lá da organização que foi criada dela, pelo nome dela, e serve uma água pra ela ali.

 

E ela pergunta assim, quanto custou essa garrafinha de água?

 

Aí alguém falou, ah, nada, dois dólares, três dólares, não lembro o valor no filme.

 

E ela, você sabe quantas famílias a gente consegue alimentar na Índia com dois, três dólares, né, com aquela garrafinha?

 

O quanto que o propósito se perdeu, né, e ela volta pra Índia.

 

Então eu acho que ela é um exemplo mesmo, um exemplo, uma pessoa que que viveu na simplicidade ali e também morreu ali na simplicidade fazendo o trabalho dela.

 

Numa época que não tinha redes sociais, Instagram, Facebook, nada disso.

 

Uma liderança pelo exemplo.

 

Excelente.

 

E por fim, se você pudesse fazer uma única pergunta ao nosso próximo convidado, independente de quem seja, qual seria?

 

A pergunta que meu marido me fez quando eu fiz uma transição de carreira.

 

O que te move?

 

Muito bem.

 

Não requer introspecção.

 

Não, e eu respondi assim, o que me move é ajudar as pessoas.

 

Antes de ter o câncer, antes de fundar o ZENcancer lá atrás, em dois mil e... é antes dos meus filhos, né?

 

Foi em dois mil e seis que ele fez essa pergunta.

 

O que te move?

 

Muito bem, Luciana.

 

Que delícia te escutar.

 

Muito obrigado por compartilhar tua história conosco.

 

É uma história de superação, impacto positivo, né?

 

Uma grande inspiração para todos nós.

 

Te agradeço profundamente por participar do Podbrand.

 

Muito obrigada.

 

E espero que o ZENcancer se expanda em todo o mundo a partir do exemplo que tu estás trazendo.

 

Muito obrigado.

 

Obrigada.

 

Obrigada, Maurício.

 

Obrigada mesmo pelo convite.

 

Até breve.

 

Refletirmos sobre as histórias e lições de hoje, é impossível não se sentir inspirado a buscar o crescimento pessoal e aprimorar as nossas virtudes.

 

Cada episódio, cada conversa é um degrau a mais nessa escada do desenvolvimento humano e profissional.

 

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