DE EXECUTIVO A NÔMADE DIGITAL: O REDESIGN DA CARREIRA DEPOIS DOS 50

Resumo abrangente do episódio

Este episódio apresenta uma discussão inspiradora com Rômulo Carvalho, um ex-executivo que fez a transição para um estilo de vida de nômade digital após os 50 anos, destacando os desafios e os impactos mentais e emocionais de tal mudança de carreira. O diálogo gira em torno da importância do propósito na vida, das propostas de valor na jornada profissional de alguém e do conceito de regeneração.

Pontos Principais:

Descrição completa do episódio

Sonhadores e fazedores, bem-vindos ao Podbrand, podcast sobre design, estratégia e inovação.

 

Em 2024, celebramos uma ocasião marcante, aos 99 anos do movimento Art Deco, uma força estética que revolucionou o design e a arquitetura.

 

O Podbrand, alinhado com os princípios de inovação e elegância que caracterizam o Art Deco, presta homenagem a este movimento que transcendeu o tempo, influenciando a forma como percebemos e criamos beleza, deixando um legado que continua a inspirar o design contemporâneo, refletindo nossa paixão por formas que combinam funcionalidade com um toque de magia.

 

Sou Maurício Medeiros, consultor em design estratégico, mentor e autor do livro Árvore da Marca, simplificando o branding.

 

Nossa conversa destaca a incrível jornada do Rômulo Carvalho, ex-executivo que enfrentou uma inesperada transição de carreira aos 50.

 

Vamos explorar as dúvidas, desafios e o impacto mental e emocional que essas mudanças trouxeram, bem como sua motivação para se tornar um nômade digital.

 

Discutiremos como os conceitos de propósito de vida e proposta de valor profissional moldaram sua nova trajetória e a importância da regeneração.

 

O Rômulo compartilhará insights sobre suas mentorias, inclusive o flow, explicando o fluxo criativo e o seu método.

 

Rômulo, seja muito bem-vindo.

 

Obrigado, Maurício, é um prazer estar aqui.

 

Você estava falando de arte de cor, eu estava me lembrando de Salamanca, tive a oportunidade de ir na “Casa Lis”, se não me engano, que é um museu fantástico de arte de cor.

 

Eu fiquei assim fascinado, parabéns aí pelas comemorações e pela iniciativa.

 

Muito obrigado, é uma alegria te ter no Podbrand.

 

O arte de cor é a nossa inspiração de 2024, no ano passado, quando completamos um ano, a inspiração era Sêneca e todo o princípio dos estoicos a partir das obras do Lúcio Sêneca, que na verdade nasceu em Córdoba, que hoje é Espanha, mas na época fazia parte do Império Romano.

 

Olha, mais uma coincidência, eu tenho um produto que estou desenvolvendo, vai ser lançado agora em fevereiro, a gente vai poder falar sobre ele, sobre Roma, que tem uma parte ali de Sêneca, tem até uma frase dele, é, trabalhe como se nunca fosse morrer e ame como se hoje fosse o seu último dia, é uma frase emblemática que eu uso no curso, mais uma integração entre nós.

 

Excelente, excelente, é a sinergia, a sinergia de pensamento.

 

Entrando no tema, quando você se viu enfrentando um desligamento aos 50 anos, quais foram os pensamentos mais impactantes que surgiram neste momento e como eles influenciaram a tua jornada desde esta demissão ou desligamento, até um ponto que você começou a traçar um novo rumo para carreira e vida profissional.

 

Ainda, como foi o processo de transição entre a reflexão sobre o passado e a criação de um novo futuro profissional?

 

Pergunta complexa, né, Mônica, mas eu acho que eu já estava assim como tantos outros vamos viver aqui numa posição de desconforto, né, já não queria estar ali e a gente vai vivendo o dia a dia respondendo as questões que estão a se responder, nos adaptando mais com um grau de desconforto e de prejuízo, né, prejuízo mental porque você não está exercendo o teu potencial inteiro, que você pode exercer, prejuízo em diversas áreas quando você está numa posição aquém do seu potencial, né, aquela camisa que já não serve mais e você continua vestindo, era mais ou menos a situação que eu estava, só que o meu planejamento era no ano seguinte, ali era 2016, 2017, iniciar uma trajetória solo, pensava ainda na vida nômade, mas era uma carreira de empreendedor, principalmente na área de consultoria, já que eu tinha uma experiência de mais de 30 anos e eu consegui navegar em diversas áreas, consegui entender de logística, finanças, marketing, comercial, fui um diretor de marketing e negócios, então eu tive a oportunidade e privilégio de conhecer empresas e organizações por vários pontos de vista, mantendo uma visão sistêmica, eu vim da minha primeira experiência profissional assim em conhecimento, vamos dizer assim, foi a medicina oriental, fui computadorista, teatro, terapeuta, isso me deu uma visão sistêmica, a minha visão sistêmica se iniciou ali, depois eu fui para a área de logística e precisa ter uma visão sistêmica e quando você passa a enxergar as coisas de uma maneira, você não vê de outra mais, você não retrocede uma visão mais apurada do mundo das coisas, e naquele momento eu achava que no ano seguinte eu ia exercer uma consultoria com um design estratégico, um design sistêmico, todo o pensamento que eu estava preparando, eu estava naquela época, Maurício, eu era diretor de expansão de uma marca e eu tinha uma meta anual que em abril, maio eu já tinha batido, tinha voado, eu tinha preparado no ano anterior todas as condições para realizar no começo do ano, às vezes você tem um freestyle maior, então você prepara, não é o mérito daquele ano, mas é o mérito da preparação que você fez e acabou acontecendo naquele ano, a realização de tudo que se preparou, e eu estava super bem, quando o CEO da empresa, era uma empresa bem estruturada, com conselho administrativo e tal, chamou e falou, Rômulo, eu preciso te desligar, ele estava emocionado, trabalhei muitos anos naquela empresa, a gente tinha uma relação de amizade importante, não é pelo seu processo, e é muito ruim, quando você ouve assim, você não deu certo, é uma coisa, é uma dor, agora quando você fala assim, você está dando muito certo, mas eu não consigo ficar com você, é uma outra história, por mais que eu quisesse já partir para a minha vida de empreendedor, às vezes você tem uma intenção que não é necessariamente um plano, estava construindo ainda, isso é importante, acho que a gente vai poder falar, quando é que uma intenção vira efetivamente uma realização no próprio fazer e pensar, mas naquele momento eu absorvi o golpe, é um golpe de surpresa, por mais que você queira, é uma coisa que gera algumas emoções, a primeira delas é a recusa, a negativa, você não serve mais, isso é uma reação que talvez toda pessoa que tenha sido desligada sente, e isso é uma confusão, porque isso não quer dizer necessariamente que você não seja bom, pelo contrário, você pode ser até melhor em outro lugar, foi o fato que aconteceu, mas isso é a primeira reação que me gerou, o primeiro de não ser tão bom o suficiente, de ser jogado fora, de ser descartado, e aí fui para a minha sala, peguei minhas coisas, estava com a minha equipe, falei que não tinha condição de falar com ninguém, peguei minhas coisas em silêncio, que é também um momento de solidão, e esses momentos da carreira empresarial, do próprio motorismo, são momentos recheados de solidão, não é nem a solidão das pessoas em volta de você, mas a solidão da decisão, da responsabilidade pelo que você está fazendo, e eu senti de primeira aquela responsabilidade exatamente naquele silêncio de pegar minhas coisas, e seguir em relação ao estacionamento para pegar meu carro, e aí ver o que eu vou fazer da minha vida, uma mistura de sentimentos e tal, quando uma diretora de RH, que teve uma atitude muito bacana, muito correta comigo, foi caminhar comigo até o carro, esse caminhar comigo da primeira pessoa que estava me acompanhando simbolicamente, e ela fez isso de forma muito habilidosa, já me deu uma certa certeza de que não, tem muita coisa para fazer, uma coisa é a estrutura física, outra coisa é tudo aquilo que eu construí como network, como relacionamento, como conhecimento, e olhar para isso agora, e logo depois uma pessoa me disse, o mundo aqui fora é mais colorido, pode ser mais perigoso, mas é mais colorido, e realmente eu comecei a perceber isso, e Maurício, até as emoções, porque tem momentos que você tem uma sensação de liberdade imensa de fazer o que você quer fazer, o que você sempre pensou em fazer, horas depois você sente um medo, como é que eu vou, não tenho mais nada estável, e eu não queria ir para outro lugar, estava com 50 e poucos anos, teve um momento da carreira, talvez você tenha a oportunidade de sair de uma empresa tão boa quanto a outra, e se posicionar num cargo tão desafiador e com uma remuneração do nível que você tem ali pela sua trajetória, mas nem sempre isso é possível, e eu também falei, não quero mais isso, eu quero realmente exercer a minha liberdade, empreender, eu tinha muita ideia dentro daquela empresa, daquela caixa que eu ia falar, porque uma caixa é desenvolvida, idealizada por alguém que pensa em uma estratégia em relação ao objetivo, e muitas vezes o teu objetivo, a tua estratégia, o teu propósito estão alinhados com aquela empresa, estão na mesma direção, mas chegam momentos que você fala, não, eu faria diferente, eu acho que eu acredito mais nisso, é mais por esse ângulo, você tem compromissos de entrega, você acaba se mantendo ali.

 

Então era uma oportunidade para eu poder exercer exatamente isso, só que a liberdade vem o medo, o medo é uma companhia muito agradável, eu diria, da liberdade, porque gera tensão, e foi o que aconteceu comigo, porque eu comecei a falar, eu preciso me organizar melhor.

 

Eu tinha uma viagem para a Europa, isso foi em junho, e eu tinha uma viagem em julho com os meus filhos para cá, eu estou agora em Praga aqui, e eu falei, algumas pessoas disseram, não vai, economiza aquela história, aí cada um vai dizendo, eu percebi também, aquilo que sente e percebe da própria vida, conselhos são bons, mas tem que filtrar, não era sobre mim e o que eu poderia fazer, era sobre como aquela pessoa estava vendo a vida dela e queria refletir a mim, para mim, os medos, etc, que ela tinha.

 

Eu comecei a pensar, não, eu vou, eu vou primeiro porque eu não sei se teria outra oportunidade e eu não sei qual o futuro, e eu vou porque eu acho que nesse momento a gente precisa ter uma atitude, não só no caso da minha viagem, mas uma atitude diante da vida de ir em direção ao que você busca, e no meio de um carinho de trem, saindo de Munique para a Itália, passando por Innsbruck, para a Áustria, eu e meu filho, meu filho está com 30 anos hoje, é um cara muito bom de tecnologia, num bloco de viagens, que é um caderno de viagens, a gente começou a desenhar, vamos montar uma empresa, e ali nasceu a primeira empresa, que era uma empresa de consultoria, focada em muitos empresários que não têm uma gestão financeira, porque quando a gente entende qual é o papel de uma empresa, é obviamente que o papel dessa empresa é gerar impacto na sociedade, aquilo que ela pretende fazer no mundo, eu, você como um especialista em brand, sabe muito melhor do que eu, que esse é um fator importante até para rentabilizar negócios e tal, mas ela obviamente tem a necessidade de causar, de ter lucro, né, como nós dizemos, respirar, precisa ter lucro, e eu percebia que a maioria das organizações, pequeno, médio, forte, até considerado grande porte, em determinados casos, segmentos, não tinha uma gestão estratégica financeira, então a minha primeira estratégia foi entrar nas empresas pelo ponto de vista financeiro, primeiro, você tem controle, você tem organização, você tem controle, você tem gestão, porque um dado de caixa não é o número que está ali, mas é tudo que está acontecendo em marketing, em produto, cliente, processo, tecnologia, que reflete ali, então era uma forma de olhar a empresa por um ponto de vista, por uma fechadura em que eu podia atuar sobre o conjunto da obra, então eu comecei fazendo isso, meu filho se tornou um parceiro muito importante, meu sócio, na área de tecnologia, depois ele foi para a Califórnia, ficou um tempo no Vale do Silício, eu fiquei sozinho, e aí a gente vai passando, né, Maurício, pelas fases, né, primeira fase de encantamento, você, não, agora medo e encantamento, depois você passa pelas primeiras dificuldades, você precisa encontrar mercado, clientes, você precisa ajustar produtos, tem uma trajetória que você vai, eu acho que todos nós vamos aprendendo, continuamos aprendendo hoje, obviamente, como empreendedores, por mais tempo que a gente tenha, é sempre um dia que você abre e fala, é um dia completamente diferente, não vai ser igual o outro, eu vou precisar me reinventar de novo, mas naquele momento, com um negócio novo, é mais desafiador ainda nesse aspecto, né, então fui migrando, fui migrando, a gente foi crescendo, começamos a pegar outras marcas, outros negócios, outros segmentos, comecei a ajustar produtos, contratar pessoas, nos estabelecemos em dois escritórios no New Worker, que na época era o maior co-worker do mundo, depois ele até caiu, mas ali eu tive contato com muitas startups, então, eu acho que a minha, eu tive a sorte de ter uma formação de pensamento muito estruturada em filosofia, em design estratégico, na questão sistêmica, na logística, ciências sociais, e nessa área, nesse ponto, nesse momento, eu tive um banho de juventude, tecnologia, de refresh, de novas ideias, de transformar o mundo, foram assim, acho que dois ou três anos ali, que me enriqueceram muito, eu já tinha tido uma experiência interessante em outra área, que quando eu estudava ciências sociais, eu comecei a viajar ao Brasil, comecei a fazer uma analogia entre aquilo que eu estudava de cultura, de comportamento, como você sabe muito bem, de branding, como é que você distribui um produto que nasceu lá em São Paulo, como o pensamento de uma sala de São Paulo, e vai distribuir isso em Manaus, Belém, é outro ambiente, é outro, você não pode pensar com a tua cabeça aqui naquela sala que você fica com acondicionados, tem que ir lá enxergar o mercado, então tive uma sorte de fazer algumas composições, entre elas essa visão de Brasil, pelo ponto de vista social de negócios, essa visão de start-up, de refresh, e aí a gente estava indo muito bem, tínhamos dois escritórios lá, quando veio a pandemia, em 2020, e aí teve aquele porte que deve ter havido com você e com todo mundo que estava me perdoavendo, e eu fiz a primeira decisão, eu conversei com todos os clientes e falei, se você não puder pagar, eu continuo com você, a gente vai continuar juntos, esse é o momento que a gente tem.

 

E ali foi um momento muito interessante de redescobertas, que quem teve a oportunidade de descobrir novas coisas, de repensar a vida, eu acho que teve muito significado aquele momento, mas também de quem é quem, de quem está junto, para enfrentar algo que a gente não sabia, o que seria e tal, e aí continuamos com alguns clientes, outros nem tanto, mas fomos para o mundo digital, começamos a fazer transformação digital, eu trabalhava com a área estratégica, financeiro, estratégia, posicionamento e tal, e Gabriel, meu filho, eu trabalhava com a área de tecnologia, de transformação, de criação de uma arquitetura digital.

 

E aí fizemos durante um tempo isso, mantivemos também os colaboradores, a gente conseguiu manter todos eles, foi uma vitória ali, obviamente, colhendo os recursos que poderíamos colher, enfim, reagindo à forma como todos nós precisamos reagir naquele momento, mas ali, no meu aniversário em julho, a minha filha, despretensiosamente, falou, pai, por que você não vai morar em Portugal?

 

A gente tem algumas perguntas, né, Maurício, que elas são despretensiosas, que pegam você às vezes relaxado, né, e elas encaixam, e eu falei, por que não?

 

E essa é uma pergunta que eu não faço sempre, por quê?

 

E aí em setembro, comprei a passagem de novembro, estava desembarcando em Lisboa, e dali por diante vivi uma nova realidade, com novas dificuldades, mas com um quesito a mais.

 

Eu comecei a viajar o mundo e enxergar aquilo que eu enxergava no Brasil, agora no mundo, e tentando capturar isso, trazer isso para a minha experiência e para a minha entrega profissional.

 

Então, tem um objetivo estratégico, além de ter um objetivo pessoal, a gente pode falar sobre isso, mas tem um objetivo estratégico, essa visão de nômade, de olhar a diversidade do mundo, trazer essa questão das mudanças.

 

Então, foi essa trajetória, eu me considero sempre ainda, e quero me considerar sempre um aprendiz, uma coisa que eu aprendi nessa trajetória, que me conscientizei muito fortemente cada dia mais, é que todo o conhecimento que você tem no passado não vale nada hoje se você não souber ler e interpretar, onde você está, o que você vai fazer, como você vai fazer.

 

Então, ter uma capacidade de interpretar o presente, de olhar o futuro, de ter abertura, é fundamental para você, inclusive, utilizar o teu repertório.

 

E é assim que eu venho fazendo, e tem sido prazeroso, e acho que de certa maneira é recompensador.

 

É maravilhosa essa tua história, e com duas transições num curto espaço de tempo, a transição do desligamento, depois a transição por conta da pandemia, e leva a crer que a primeira tenha tido um peso maior por conta desse vazio existencial que segue a sensação do julgamento.

 

E o julgamento, que muitas vezes a gente interpreta como também injusto, daquilo que a gente passou em tempos pregressos.

 

Mas, a parte disto, durante esse processo de transição que tu tiveste, como tu lidou com esses desafios emocionais e mentais, incluindo o que tu comentaste em alguns pontos, a certeza ou a incerteza e a possibilidade de fracasso, você poderia compartilhar um pouquinho mais a experiência de como se sentiu particularmente desafiado, talvez desanimado, inclusive, durante esse processo.

 

Olha, tem alguns choques, eu acho, para quem empreende, quem está nos ouvindo, vendo.

 

Primeiro, é a questão que o negócio, você monta alguma coisa, não é por presente, mas por futuro.

 

E até você ter esse futuro sendo realizado de tal maneira que você consiga, por exemplo, ter uma remuneração compatível com o que você precisa.

 

Muitas vezes você sai de uma carreira e tem uma remuneração X e você vai para a área de empreender, para o empreendedorismo, e você tem uma variação de receita, você tem um começo que você precisa entregar mais para o negócio e o negócio consegue te entregar.

 

Esse foi um ponto, quer dizer, a minha reserva financeira versus a capacidade do negócio de me entregar versus a oportunidade que batiu a minha porta para voltar a trabalhar numa empresa.

 

Eu mantenho o meu fluxo aqui para poder fazer esse negócio crescer, e aí vou consumir um pouco da minha reserva ao longo do tempo, assumo uma posição e vou treinar segurança.

 

Então, esse foi um aspecto emocional relevante para mim, como lidar com isso.

 

E eu acho que é aí que entra a estratégia de você entender o que pior pode acontecer, o que melhor pode acontecer, e tentar entender o que pode acontecer, esses caminhos, que se eu não conseguir e tal, o que vai acontecer se eu zerar a minha reserva.

 

Eu acho que é olhar de frente para o problema e entender a estratégia necessária para lidar com ele.

 

Também tem o outro lado de poder ser muito bom e tal.

 

Então, eu acho que eu amortizei essa emoção, que é uma emoção muito crítica, relevante, através da estratégia.

 

A segunda é que você sai de uma empresa onde você tem uma estrutura, você tem departamento de marketing, aí você passa a ser tudo em teatro.

 

Mesmo você já entrando com uma estrutura melhor, você passa a fazer mais coisas do que você fazia antes, a tentar, a precisar aprender coisas que você jamais pensou em fazer, porque você é um empreendedor e você precisa fazer acontecer, independente de como seja.

 

Depois você vai se tornando mais inteligente, delegar aquilo que precisa ser delegado, e vai fazendo o que precisa ser feito.

 

Mas é uma outra coisa também que parte da emoção, de você se sentir mais sobrecarregado e mais sozinho.

 

Mas isso é normal.

 

Eu acho que...

 

Outro dia eu ouvi uma questão, quando você corre, faz uma atividade física, você sente dor nas duas pernas.

 

É normal você sentir uma sobrecarga muscular.

 

Você sentir dor numa perna só pode ser uma lesão.

 

Eu acho que as dores têm esse ponto, que você tem dores naturais do empreendedorismo, ou seja, vai passar por isso.

 

Outras podem ser algum sintoma que precisa ser olhado com mais cuidado, etc.

 

Então, nesses casos, são dores normais.

 

As emoções, depois, eu acho que nós também, acho que não acontece, mas há uma transformação de carreira e uma transformação de indivíduos, da pessoa também.

 

Valores, hábitos, forma de ver.

 

Nós vamos hoje, mais do que nunca, o mundo é líquido, a gente vai se transformando e entrando em dilemas próprios e vai mudando.

 

O mundo hoje é muito mais desafiador, obviamente.

 

E, naquele momento, eu já vinha num processo do essencialismo, já vinha buscando me desfazer de coisas materiais que não me pesavam mais do que eram úteis, acrescentavam menos.

 

De emoções, de sentimentos, de pensamentos, de qualquer coisa que fosse peso.

 

Eu comecei a entender que a vida pode ser mais simples em diversos sentidos e comecei a praticar o essencialismo meditável, em que seja já medido hoje.

 

Então, eu acho que a prática, é importante nós termos uma prática, ou algumas práticas, aí cada um tem a sua, esporte, música, cantar, dançar, fazer aquilo que, ir para as empresas, enfim.

 

A gente precisa ter práticas que nos equilibrem, porque uma coisa é a situação que você vive.

 

E a situação pode mudar.

 

Aquilo que era um problema vira uma solução, aquilo que era estável da noite para o dia não é mais.

 

Então, a situação vai mudar, a gente sabe disso, isso é um fato.

 

Agora, a condição, quem somos, o que fazemos, como pensamos, o que sentimos, isso é uma escolha, na medida que você vai tendo mais autoconhecimento, você vai entendendo que isso é uma escolha.

 

Nós todos temos, obviamente, vulnerabilidades emocionais, mas eu acho que foi um aprendizado que foi se construindo ali, em alguns momentos difíceis, muitas vezes não dormiu de noite.

 

É óbvio que nem mãe que tem filho já não vai dormir mais como dormia antes, muda o sono.

 

Eu acho que o empreendedor também passa por isso.

 

O sono já não é mais o mesmo, porque ou você tem uma grande ideia durante a noite, por exemplo, você está sempre pensando no seu negócio, ou você tem uma preocupação para lidar com o problema.

 

Mas você está sempre levando a empresa na sua mente, isso também é um outro ponto.

 

A gente precisa saber desintoxicar no bom sentido.

 

Realmente, nós tínhamos uma vida muito, eu trabalho de segunda a sexta, no final de semana, uma fragmentada, um bloco.

 

Hoje, não.

 

Hoje, as coisas se confundem com a tecnologia e tal, digital.

 

E é importante ter esse momento de saber, essa percepção, esse espaço de saber, não, eu preciso, isso é a minha condição, isso é a situação, eu preciso viver um pouco o indivíduo, até para poder pensar melhor naquele problema, para poder refletir melhor sobre aquela solução, eu preciso me afastar um pouco, isso faz parte do jogo.

 

Eu acho que foi um amadurecimento, Maurício, mas que vem, fundamentalmente, gostaria de deixar aqui um recado para quem nos ouve, de aceitar o caminho.

 

Se você é um empreendedor, você tem que aceitar esse fato, não dá para aceitar algo apenas pelo lado bom da história, quando a gente escolhe aceitar algo, a gente tem que entender que a gente pode aprimorar esse pacote, mas tem um conjunto que você está absorvendo, não é apenas selecionar isso de bom e não quero isso de ruim, porque vai vir, é um efeito colateral, todo negócio tem um ponto forte, tem um efeito colateral, a mesma proporção muitas vezes, então não tem jeito, eu acho que foi um aprendizado e eu venho continuando aprendendo, essa foi a forma como eu lidei com essas emoções e acho que você tocou num ponto crucial, que muitas vezes o problema, e nessas consultorias que eu faço, eu percebo que o problema não está no modelo, não está no segmento, não está num aspecto, na equação do negócio, às vezes está no mindset de quem está tocando aquele negócio, a relação entre o líder, pode ser o dono, o executivo, etc, e o negócio em si, isso é muito importante, acho que é uma área que hoje atuo dentro da questão de empreendedorismo, das mentorias, isso é muito relevante, então quando você toca nessa questão da emoção, você toca num ponto crucial, que pode vir inteligência artificial, pode vir tecnologia, mas esse ponto da emoção, saber lidar com a emoção é fundamental, não é mesmo?

 

Tu mencionaste uma expressão que tu usaste de que é importante se afastar para poder enxergar a realidade, no nosso último episódio de 2023, a querida, e também sua amiga, Marielice Medina usou uma expressão que me marcou muito, ela disse que para enxergar a ilha, nós precisamos nos afastar da ilha, e caso isso não ocorra, muitas vezes a gente se percebe um continente inteiro, e aí eu comecei a refletir sobre esta citação, se sentir um continente inteiro é um peso muito grande que a gente carrega sozinho, e as frustrações estão muito relacionadas a este peso, se a gente não consegue carregar, a gente se considera inadequado, inapto, ou não merecedor, e não é o caso, talvez aquele peso poderia, deveria, ter sido compartilhado, então achei essa relação do que tu comentaste com a citação da Marielice perfeita nesse momento, e já entrando nessa fase nova tua, como nômade digital, qual foi a principal motivação que te levou a escolher o processo da mentoria e consultoria de maneira mais autônoma, e não só autônoma, itinerante, é praticamente uma vida de gypsy, de ciganos digitais, vamos chamar assim.

 

Eu li muito o Zygmo Bauman, sociólogo polonês, era encantado por ele, em vida líquida, modernidade líquida, amor líquido, e eu já naquela época, há alguns anos atrás, eu percebia que o mundo já era, já não era tão sólido quanto era na minha infância, adolescência, mas seria muito mais líquido, e eu me identifiquei primeiro com o conceito, da visão de mundo, isso me trouxe uma série de reflexões e conscientizações, primeiro do líquido eu mesmo, eu posso mudar, eu posso errar, não tenho mais uma certeza absoluta, uma verdade absoluta, ou algo que eu preciso ser perfeito, ou uma forma de ser, é que eu tenha que ser assim o tempo inteiro, eu posso ser líquido, ou aliás, eu devo ser líquido porque o mundo é e será mais líquido ainda, essa foi a primeira percepção que eu tive, eu acho que como a Maria Alice fala, você olha a ilha quando você vê de longe, é um pouco de quando você se afasta de você, e daquilo que você está vivendo, eu tenho muito hábito de ir a lugares altos quando tenho um problema, eu vou para um lugar alto, eu chego em uma cidade nova, eu gosto de ir para um lugar alto e olhar de cima, e entender que existe uma distância necessária para você observar melhor, e eu percebi isso, essa liquidez, e percebi que esse era um jogo, tecnologia, esse era um jogo que eu precisava jogar com 40, 50, 80 anos, não importa, não importa o quanto eu fui bom ou ruim no passado, o quanto eu tenho ou não de conhecimento, não interessa, o que interessa é o que eu vejo daqui para frente, qual é a minha forma de agir daqui para frente, comecei a perceber isso, comecei a me lapidar conforme eu via, eu criei um processo estratégico, primeiro aceitar o erro, aceitar o erro, provocar o erro, desenvolver processos a partir do erro, isso me deu uma liberdade de ação incrível, e com isso, ver o diferente, conhecer o diferente, o estranho, o diferente, muitas vezes você tem alguma coisa próxima a você que é estranha, uma coisa que você se depara longe, você nunca pensou em conhecer, e quando você conhece você fala como é familiar, então o familiar e o estranho não são questões relacionadas à geografia, você está em um lugar ou está em uma certa cultura, você foi criado, porque às vezes você é criado dentro de uma estrutura e aquilo já não é mais familiar para você no sentido de você se sentir representado, e eu comecei a perceber isso também, comecei a buscar o diferente, no diferente eu encontrava um familiar, comecei a perceber que isso é um processo de nós entrarmos em contato com o diferente, com o estranho, porque é daí que vem a criatividade, se a gente tiver sempre os mesmos elementos, a mesma estrutura, a gente é capaz de criar pouquíssimas coisas dentro de um padrão, agora quando você começa a pegar um elemento de uma área, por exemplo, se eu admeto a construir, eu tento me servir, você fala de arte depois, eu fiquei fascinado, porque você está trazendo uma coisa fora exatamente do contexto, dos assuntos, do conteúdo específico que você traz para dentro desse ambiente, isso é fantástico, você está conectando, e essa analogia pode ser utilizada sempre, foi outra coisa que eu aprendi, a gente tem um mundo de oportunidades em artes e ciências, de comportamento e assim vai, mas a gente pode construir o nosso mosaico, entender que tem um problema, ok, vamos ver esse problema do ponto de vista da arte depois, podemos fazer um exercício nesse sentido, então eu comecei a ter uma maior liberdade criativa, isso me deu condições de explorar mais possibilidades com projetos mais diferentes, eu comecei a receber clientes ou demandas diferentes, pessoas mais diferentes, isso para mim é um desafio, mas é muito interessante porque eu preciso entrar naquela área, estudar um pouco para poder interagir de maneira qualificada, mas é o diferente que me desafia, e muitas vezes essa área aqui, falando de arte, arte plástica, por exemplo, eu posso pegar e trazer para esse outro ponto aqui, que é uma indústria calçadista, pode ter alguma coisa para alincar, e muitas vezes nós precisamos pensar com uma referência externa ao contexto que a gente está, se eu trago você para uma referência externa, como a gente está falando da ilha, por exemplo, a nossa mente sai da onde a gente está e a gente imagina uma ilha, você olhando de longe, quando a gente faz isso, a gente sai daquela caixa, daquele padrão e consegue pensar um problema sobre outra possibilidade, que é o que a gente precisa fazer hoje no mundo alívio, no mundo com todas as questões que existem, questões complexas, com você lidar com o seu processo de desavisar estratégia, então foi um universo que eu fui entrando e hoje na mentoria e na consultoria, uma das que eu utilizo é a Flow, por causa disso, porque como é uma consultoria, uma mentoria estratégica que parte do ponto, do propósito do outro, daquele projeto, daquela pessoa, para a realização efetiva desse propósito, desse sonho, desse objetivo, para ações práticas com resultados, e aí eu posso ver resultados financeiros, econômicos, de impacto social, mas nasce de um propósito, de uma origem, por que você está querendo fazer isso, eu entendi que o Flow, onde tem um ponto de partida, qual é o propósito, e eu acho que é aqui que a gente para muito, no começo da mentoria eu forço muito aqui, porque no meio do caminho, quando você estiver na dificuldade, você vai pensar no seu porquê, por que eu estou aqui, porque eu quero chegar lá, porque eu tenho essa missão, porque eu gosto disso, porque eu faço isso, então é uma maneira de primeiro direcionar corretamente a estratégia, segundo, te dar energia para chegar lá, então a gente faz muito o trabalho do propósito, do propósito a gente vai para o propósito de valor, o que é para quem, como você entrega, quem é esse que você entrega, tem muita gente que entra na mentoria com um olhar muito para dentro, seu próprio contexto, eu tenho isso, eu tenho esse produto, eu tenho estratégia, eu tenho esse problema, a primeira coisa que a gente precisa desconstruir é vamos olhar para fora, vamos olhar para o mercado, para o cliente, vamos perder a visão de você um pouco, vamos olhar para essa pessoa, não para esse cliente, mas para essa pessoa que é muito maior do que o cliente, o que ele vê, o que ele sente, o mapa de empatia, e aí eu entro nessa visão, há um esforço muitas vezes nessa pessoa olhar além do problema, mas quando ela começa a olhar e enxergar além do processo dela, ela começa a ver uma série de possibilidades, então eu vou trabalhando desde o propósito, o propósito de valor, a visão do cliente, eu começo a desenvolver o que você tem de solução, produto, experiência, quais são os aspectos tangíveis e intangíveis disso, porque hoje quando você fala eu tenho um produto, não dá para definir produto, solução, o que é um pod brand por exemplo, é um conjunto de coisas, então você entrelaça elementos que valorizam e diferenciam o que você está entregando, a gente faz um trabalho nesse sentido, como é que você comunica isso, e é uma outra coisa, às vezes vem uma pessoa e diz não, preciso me comunicar melhor, preciso gravar vídeos, me comunicar melhor na internet, e eu vejo que você tem uma boa desenvoltura, aí eu tento capturar o que ela está buscando, se ela está buscando uma comunicação da sua marca para captar mais vídeos, o vídeo que eu faço é uma forma minha de fazer, a gente precisa encontrar a sua maneira e tal, eu trabalho comunicação e vou chegando, em determinados momentos, o projeto dura mais tempo, eu consigo efetivar, colocar um planejamento estratégico financeiro para funcionar e depois acompanhar periodicamente se as estratégias e os resultados estão coerentes e vou assessorando essa pessoa, em determinado momento, em determinados processos, há uma sessão, duas sessões, três sessões, eu acho que a pessoa já cai uma ficha, ela já vem com uma dúvida, uma indecisão, ela tem uma decisão para tomar, ela não sabe se é A ou B, a dúvida acho que ela é mais ampla, a decisão ela tem, e ela mesmo já tem isso dentro dela, e muitas vezes nós validamos aquilo que ela já chegou à conclusão de que ela precisa fazer, é um pouco disso, né?

 

É revelar a potência que já está presente na pessoa, muitas vezes desconhecido por ela própria.

 

Perfeito, isso mesmo, essa é minha missão, fiz isso, eu consegui viabilizar a possibilidade de ajudar isso, de cumprir o meu objetivo.

 

Muito bom, você menciona a importância de regeneração na tua abordagem, como essa ideia se traduz em ações práticas para as pessoas que estão enfrentando ou planejando uma transição profissional ou empresarial, enfim, e como essa abordagem pode beneficiá-los nesse redesign da jornada?

 

Eu li um livro, tem um livro que eu vou te recomendar aqui no programa, que é o Design de Culturas Regenerativas, do Daniel Wall, tem alguns livros que mudaram a minha forma de ver, depois você entra, tem livros que te acrescentam conhecimento, tem livros que fazem entretenimento, mas tem livros que mudam a forma de ver, eles não entregam tudo para você, mas eles entregam um ponto de vista, uma visão, e o Daniel me deu essa visão quando ele fala de regeneração, inclusive olhando pelo ponto de vista ambiental, e a gente pode ver o social, e às vezes de negócios mesmo, de vida inclusive, de vida pessoal, não é mais sustentar, não é mais a sustentabilidade, é a regeneração, o nível de desgaste chegou a um ponto que a gente precisa revenerar, e essa cultura da regeneração, ela vai, acho que tem duas coisas paralelas que a gente precisa entender quando utilizar uma e quando utilizar a outra, uma das coisas é a necessidade de você ter coisas novas, o capitalismo impõe a necessidade de você produzir, de você desenvolver, de você crescer, é um movimento constante e que nós estamos nessa dinástica frequente, o novo muitas vezes tem mais valor do que aquilo que já existe, esse é um ponto, eu sempre brinco que a gente precisa ser atual, a gente precisa ser aquilo que a gente é sempre, aquilo que a gente já tem, o novo junto, e essa mistura vira o atual, a gente não deixou de ser a gente, mas nós somos antenados com o presente, esse é o grande ponto, tem uma outra história de você ficar no passado, você tem um movimento de renovação constante de o antigo que existe num vale, o antigo que vale é só o novo, esse é o movimento que alimenta o sistema capitalista normal, tem o outro que é o retrógrado, tem a utopia de você olhar o futuro e tem uma coisa, tem um homem, uma socióloga que eu não lembro agora, de você ficar no passado, imaginar que o passado era o melhor momento, a utopia é você olhar que o futuro vai ser o melhor momento e algumas pessoas olham que o passado será o melhor momento, então tem esses dois movimentos, um movimento de só renova e outro momento de fica no que já existe, o que é novo, eu não entendo, não gosto, esses dois movimentos, esses dois extremos eles não são saudáveis, quando você olha sistematicamente a gente precisa regenerar muita coisa, e quando eu falo regenerar, veja um negócio que está com seu déficit financeiro ali, como é que eu regenero esse negócio?

 

E grande parte, Maurício, passa pela marca, recifrificação da marca, de um reposicionamento, de um valor, de um novo posicionamento para um novo mercado possivelmente, então tem uma regeneração aqui baseada em decisões e direções, muitas vezes essas decisões são duras, eu preciso cortar uma coisa para regenerar outra, são decisões estratégicas, tem o indivíduo, que muitas vezes eu tenho grupos de pessoas, de clientes, muitas vezes de mulheres, que é uma coisa que eu vi me deparando muito, que viveram casamentos durante muito tempo, eram profissionais, e durante o casamento elas se dedicaram à vida familiar, criação de filhos, etc, abrindo o mundo da carreira, enquanto o marido continua na sua carreira, em determinado momento, a vida é uma separação, essas mulheres, e não são só mulheres também, se posicionam numa situação, ou estão numa situação naquele momento de, eu não tenho, estou desaquecida em termos profissionais, eu não tenho confiança muitas vezes em mim, esse é o momento de regeneração, é preciso regenerar aquela capacidade, aquela competência daquele ser, isso é só um exemplo de um grupo de pessoas, mas tem outros aqui, que precisam olhar para a regeneração como uma possibilidade, depois da regeneração você tem todas as questões subsequentes obviamente, então quando a gente olha para negócio, quando a gente olha para indivíduos, quando a gente olha para a própria natureza, para o ambiente, quando a gente olha para o social, a gente precisa pensar além de sustentar, como você falou do SG, que é uma coisa de hoje, antes da gente entrar ao vivo aqui, a gente estava falando sobre isso, que hoje é uma coisa mais regulatória, mas a gente precisa olhar além disso obviamente, a gente precisa regenerar as próprias relações, enfim, eu acho que esse olhar para a regeneração não é um olhar para ficar no passado, mas é para fazer daquilo que tem valor e existe em algo melhor ainda, sendo atual, mas sempre obviamente com o objetivo de regenerar, esse é um ponto bom.

 

Interessante porque o regenerar tem uma origem no latim, que vem de regenerare, e o re, ele não é somente uma indicação de repetição, mas também de intensificação, e o gerare, que é criar, renovar, enfim, então pode, significa também uma intensificação dessa criação, e quando se fala em relação, pode ser uma intensificação de uma ação, aumentá-la no sentido, e aí que vem o valor da etimologia para justamente trazer um significado ulterior ao entendimento que a gente tem no dia a dia.

 

Tu mencionas dentro da tua mentoria Flow, numa expressão que me trouxe uma curiosidade intelectual que é o fluxo criativo, como é que tu conceitua ele e como é que ele se encaixa nessa abordagem de consultoria que tu realiza?

 

Perfeito, adorei a tua visão de regeneração, já copiei e colei aqui, outra coisa interessante que a gente tem oportunidade hoje dessa troca de ir, é um mosaico que você vai trazendo, é muito bom estar aqui trocando você, o Flow, a criatividade pra mim é um fator, é uma habilidade, é uma prática primeiro, não é um, ah, eu sou criativo, ninguém é criativo, as pessoas praticam criatividade, uma boa ideia surge de muitas ideias, todo mundo que teve uma boa ideia, praticou muitas ideias, isso é uma equação, é fato, à medida que você pratica, você vai ficando melhor, isso é uma outra questão, você vai exercitando aquilo, então a criatividade é um processo que não está ligado apenas às sete artes, ah, eu sou músico, nada disso, a criatividade é uma habilidade diária, nós somos criativos o tempo inteiro, eu costumo falar, sempre o exemplo que eu pego é de uma senhora que não tem, que tem três filhos sozinha e precisa se virar, que nível de criatividade uma pessoa dessa tem?

 

Enorme, e ela cria de onde se menos imagina valor, isso é um belo exemplo, então, criatividade é uma prática, segundo, no mundo, eu encaro os problemas de duas maneiras, aquele problema da quebra-cabeça, você mexendo uma peça aqui juntando com a outra ali, você vai resolver, a solução está dentro do problema, é só você encaixar, aquele problema que é um mistério, aquele problema que você precisa pesquisar, elaborar um pensamento, uma suposição, precisa trabalhar criativamente isso, os problemas atuais estão muito mais nessa segunda opção, eu acho que as pessoas e as empresas se perdem muito aqui, olhando dentro quando precisam, aquela coisa do eslovo, mas é um pouco disso, você pensar fora, e a criatividade funciona isso, outra coisa, a gente perde muitas ideias por medo de crer perfeição, a gente corta muito, as possibilidades de boas ideias já estão no início, mas não pode ser assim, tem que ser assim, a limitação, essa senhora que cria dois filhos tem a criatividade exercida, porque tem uma limitação, é a limitação um dos elementos que faz com que ela exercite a criatividade, a limitação é uma coisa importante para se criar, mas a limitação da situação, você não pode se limitar à situação, seu pensamento criativo não pode se limitar à situação, e se eu fizesse isso, se eu mudasse a situação, se eu fizesse de outra maneira, a liberdade criativa precisa ter espaço para poder exercer o que ela pode contribuir, e aí a gente tem um exercício na mentoria, que eu uso muito o duplo diamante, que é, vamos partir de um ponto fixo, qual é o teu problema, qual é o teu propósito, vamos agora exercitar o máximo que a gente puder fazer, e aí vamos elaborar, criar, e se, e porque não, elabora isso, e isso é uma maneira de começar a olhar para os futuros, os possíveis, aqueles imagináveis, aqueles que a gente espere, começar a olhar uma elaboração de futuro, porque o teu presente lhe vai ser fruto da elaboração do futuro, se eu imagino que possa ser dessa maneira um dia, como alguém imaginou, e hoje a gente tem aqui, estamos conversando com a situação dessa tecnologia, alguém imaginou que isso seria possível, e alguém fez isso, então o que hoje obviamente é a realidade, alguém imaginou no passado que fosse, a gente precisa imaginar constantemente o futuro, e precisamos dessa liberdade criativa de imaginar, muitas coisas não vão ser possíveis agora, dentro da caixa que a gente tem, mas se elas permanecem ali, no banco de ideias, na minha visão, elas um dia vão se conectar com outra coisa, porque você me fez a pergunta sobre a vida nômade, eu deixo a minha mente se conectar com coisas diferentes, mesmo se eu morasse na mesma cidade, eu iria para lugares diferentes, eu percorreria caminhos diferentes, eu leria livros diferentes, faria coisas diferentes, porque eu acho que a criatividade também tem uma vida própria, quando você se expõe a sua mente, a sua percepção, a sua sensorial, há estímulos, que naturalmente vão fazer a sua criatividade aflorar, você só precisa ser um canal, então esse momento de destravar a visão do mentorado, do negócio, para uma visão mais ampla, mesmo que não seja uma garantia de sucesso imediato, mas que possa vir a ser fundamental, logo depois a gente fecha, o fluxo ele é meio livre, mas ele tem uma direção, por isso que nós vamos nos acomodando, mas a gente precisa ir em uma direção, que é como vamos fazer, o que vamos fazer, como é que a gente vai controlar isso, etc, mas o processo criativo tem que ser assim, ninguém tropeça em nada sentado, então tem que se movimentar, e eu busco colocar as pessoas para fazer essa movimentação, por exemplo, agora em fevereiro eu estou lançando um curso, é um curso de experiência, viagem, essa é a concepção, faz três coisas ao mesmo tempo, baseado em Roma, então a cada cidade que eu estiver, eu estou trazendo um conceito, linkado a essa cidade, Roma é como criar e conquistar mercados, onde tem oito aulas, onde a gente fala do propósito, de valor, de comunicação, de segmentação de mercado, etc, e tem o que eu chamo de story living, eu trago a pessoa para viver algumas experiências em Roma, é um tempero no prato, o curso é o prato principal, mas o tempero é o story living, porque eu quero trazer essa pessoa para dentro de uma situação em que ela esteja em Roma, dentro daquele ambiente de Roma, com dilemas, vivendo situações em que eu estou trazendo no curso, é uma maneira de inserir ela no aprendizado, com a busca de trazer mais conhecimento, mais experiência, é um exercício de criatividade, pode ser que seja incrível, pode ser que o meu objetivo inicial é testar, e é isso que Maurício, eu exerço, nas minhas comunicações pelo Instagram, você precisa testar, é exercício, é isso que eu faço, precisa ser coerente, então é isso que eu estou fazendo, mas tem essa percepção de trazer, agora no Brasil eu vou em abril, e aí tem um projeto de imersão, chamado a sustentável leveza do ser, baseado no livro do Milan Pudera, aí eu tirei só o i, o que eu pensei nisso, a sustentável, essa vida essencial, nômade, como é que você hoje cria uma sustentável através, quando a gente olha financeiramente, a gente vê vários aspectos, sustentabilidade, leveza, como é que você consegue ser leve, o que é essencial para você, para o ser, a gente vai fazer também um projeto de imersão com alguns exercícios e tal, isso tudo está diretamente ligado à criatividade, ao exercício e a prática da criatividade, eu acho que não, é a grande solução para essa equação entre inteligência artificial, máquina e necessidade de trabalho, a gente precisa ser criativo.

 

Que legal essa sua iniciativa de lançar esses cursos, porque é uma forma de criar um acesso inclusive mais econômico para as pessoas que não podem fazer uma mentoria, de acessarem esse conhecimento, eu convido a todos que acompanhem o canal do Instagram do Rômulo, que é nômade underscore, que é a linha embaixo, o tracinho embaixo, estratégia, nômade, tracinho embaixo, estratégia, no Instagram, provavelmente tu vai divulgar então o lançamento desses cursos no teu canal do Instagram, né?

 

Sim, começo agora mais fortemente, o curso vai ser lançado 20 de fevereiro e mais fortemente agora, e Maurício, um dos meus objetivos também, os cursos e tudo que faço, é entrelaçar, integrar, melhor dizendo, o propósito individual, depois da pandemia, a gente pensa que eu preciso trabalhar todos os dias, pegar um carro, ir para o meu trabalho, pegar trânsito, né?

 

Eu vi o Eduardo Galeano, o economista dizendo uma coisa muito interessante, um pensador filósofo economista que eu gosto muito, dizendo uma coisa muito interessante, você vai de carro, você vai a pé para o seu trabalho, o PIB não mexe, você tem uma qualidade de vida incrível e o PIB não mexe, aí você pega o carro, você enfrenta duas horas chegando no teu trabalho, você gasta gasolina, enfim, o PIB mexe.

 

Então, às vezes os indicadores econômicos, os indicadores que a gente tem, não respondem mais à visão que a gente precisa ter de mundo, como parâmetro, né?

 

Então, a gente precisa pensar em alternativas mais compatíveis com a nossa realidade atual, com aquilo que a gente realmente precisa fazer, né?

 

Então, eu migro sempre por esse lado.

 

Na pandemia, todos nós nos questionamos, eu preciso ir realmente pegar meu carro e fazer isso?

 

Eu preciso realmente ter isso tudo aqui?

 

Eu preciso realmente viver dessa maneira e tal?

 

O que eu quero realmente fazer?

 

O que eu quero fazer, o que o mundo é melhor porque eu vivo, o que eu quero deixar como legado, o que me incomoda, o que eu gosto de fazer?

 

Esses aspectos são aspectos fundamentais, predominantes no sucesso de qualquer negócio, qualquer projeto.

 

É ter um negócio, o que dá dinheiro, não é aquela pena, o que dá dinheiro, vou investir e dá dinheiro.

 

Aí você é um investidor que pega um capital e coloca no lugar, é uma forma de atuar.

 

Agora, se você é um empreendedor que busca na sua atividade, como empreendedor, na atividade profissional também dentro de uma empresa, exercer o seu ser mais pleno, e uma parte é aí, e é uma parte importante, é aí que eu pretendo navegar.

 

É pegar, é trazer aspectos tangíveis, importantes do negócio, com aspectos muitas vezes intangíveis do ser humano, e integrar isso.

 

Tanto a Flow quanto esses produtos que eu estou dizendo tem esse objetivo de não ter mais como dividir.

 

Você não vai ser feliz com um trabalho que você ganhou muito bem, o que você não gosta, e também não vai ser realizado um trabalho que você ama, mas não ganha para sobreviver.

 

Tem esse caminho.

 

Então eu tento nesse caminho.

 

Eu penso que essa analogia entre o PIB e a qualidade de vida, quem mencionou foi o economista e filósofo Eduardo Genete da Fonseca.

 

Eduardo Genete, isso aí, perfeito.

 

Minha memória é horrível e eu tenho grande, às vezes, esquecer os nomes, mas as pessoas e o conteúdo, o conceito, o valor delas para mim nunca, Eduardo e a Liana.

 

Eduardo Genete da Fonseca.

 

Eu tenho vários livros dele e me chamou muito a atenção essa menção que ele fez, porque ele também usou um outro exemplo nessa mesma narrativa, que foi o saneamento básico.

 

No momento em que tu tem água encanada, esgoto para as pessoas, isso melhora drasticamente a vida das pessoas.

 

No entanto, isso tecnicamente diminui o PIB, ou não faz aumentar o PIB, porque a pessoa deixa de se locomover até o supermercado, deixa de comprar uma garrafa de água, essa garrafa deixou de ser produzida, o plástico, o transporte, o mercado, enfim.

 

Então ele fez essa analogia, que nem sempre a melhoria da qualidade de vida repercute no aumento do PIB, é uma soma de fatores.

 

Eu acho bárbaro a forma com que ele expressa o conhecimento que ele tem, porque além de economista, ele é filósofo, então ele congrega muito bem essas duas disciplinas.

 

Muito bem, e ele para mim é uma visão, é um tipo de visão necessária para o mundo hoje.

 

Não é uma visão apenas financista, assim como para as empresas e para as pessoas, não dá para olhar só um ponto, tem que olhar um pouco mais além, olhar a ilha de longe.

 

Qual é a mensagem ou outro insight poderoso que você poderia ou gostaria de transmitir para as pessoas, especialmente as mais maduras?

 

E aí eu vou te dizer o porquê, um parênteses, quando eu criei o Podbrand, ele foi no sentido de refletir a minha missão de vida, que é ajudar as pessoas a alcançarem a sua melhor versão, e a minha missão de vida se tornou o propósito do Podbrand, então aí a relação entre o que eu estou fazendo hoje e aquilo que eu gosto de fazer, que é a minha própria missão de vida.

 

E eu imaginava que seria para uma audiência de jovens que esperam empreender ou que buscam sua autonomia e tudo mais, e no entanto eu me enganei no meu planejamento de cenário.

 

O público, a audiência do Podbrand é de 45 anos mais, são empreendedores, são profissionais liberais, são pessoas que já estão numa carreira ou numa trajetória de vida profissional evoluída ou que buscam transição ou uma evolução, mas que estão querendo mais.

 

E eu entrevistei, não faz muito tempo, uma pessoa que também é professor e que mencionou que quem busca mais conhecimento são realmente as pessoas com mais maturidade, quem está sedento por isso.

 

Eu sou entusiasta do conhecimento, bom, aí complementando a pergunta, o que você poderia trazer de mensagem para esta geração de pessoas mais maduras ou que já tenham passado uma carreira exitosa profissional ou estão enfrentando, quem sabe, um desafio semelhante de reinvenção como tu teve?

 

Maurício, é bem interessante esse mercado, esse olhar para pessoas que têm uma fase na vida agora, uma oportunidade de viver a vida com uma sabedoria maior, melhor, espero que a gente possa ter uma sabedoria proveniente dos anos que a gente já viveu, das experiências dele.

 

Mas ao mesmo tempo com uma vida pela frente, com possibilidades e tal, eu acho que é um momento muito interessante nas nossas vidas, nós temos 40, 50, 60, 70 anos, enfim, vida pela frente.

 

Eu, assim, não teria nada grande, mas eu acho que são as pequenas coisas, eu costumo falar que o impossível é a soma dos possíveis, então, olhar, permitir o erro, o principal ponto é se permitir errar, não se definir a partir de um erro, não se definir, na verdade, a partir de uma condição prévia, está em constante transformação, que é assim que nós estamos, nossas células estão em constante transformação o tempo inteiro, o planeta está em constante transformação, então, não dá para a gente pensar que nós estamos parados, nós estamos nos transformando também, e o erro, a tentativa, a busca, o apesar, fazem parte dessa trajetória, eu acho que a gente precisa sentir, o que eu daria como experiência minha, que tem sido muito interessante, é se permitir, se permitir errar, se permitir apostar, se permitir aprender e se permitir perder também, porque às vezes a gente perde para ganhar, ou a gente perde e percebe que o que a gente perdeu não fez tanta diferença quanto a gente achou que faria, então, a gente vai perder coisas no caminho, não dá para ir permanecendo num caminho progressivo, entendendo que você vai continuar levando coisas com você, então, você precisa deixar coisas, precisa assimilar novas coisas, para isso você precisa estar aberto ao erro, ao teste, ao aprender, eu acho que esse é o grande ponto, conhecimento existe muito, outra questão também, é que não existe padrão, não existe, eu vou te ensinar metodologia para que você seja, tenha cuidado com isso, isso não existe, se alguém, obviamente que é importante nós olharmos as metodologias, as práticas, mas nenhuma metodologia por si só, nenhuma ferramenta por si só, gera o resultado, é preciso ter uma postura diante do problema, é preciso ter uma visão, é preciso ter uma série de coisas que não estão especificamente, necessariamente na ferramenta ou na metodologia, nenhuma solução é mágica, acho que a soma das pequenas coisas, diariamente, um hábito aqui, outro ali, um aprendizado aqui, outro ali, uma permissão aqui, outro ali, é essa construção do atual, que é uma construção, também não é definitiva, o que eu fui ontem, eu não serei hoje, eu tenho a essência, mas hoje eu já vou acrescentar alguma coisa nova, preciso chegar no final do dia, eu tinha uma forma, quando eu trabalhava, era fácil isso de vez em quando, mas quando o pessoal trabalhava comigo, o que você aprendeu hoje, eu perguntava todo dia, e a pessoa tinha que antes de sair da empresa, falar alguma coisa que ela aprendeu, e de tanto eu perguntar, aquela pessoa já se conscientizava que ela ia sair dali olhando, eu aprendi alguma coisa, as reuniões de resultados, eram reuniões que a gente olhava resultados e tal, não eram reuniões de resultados, eram reuniões de aprendizagem, o mais importante aqui não é o resultado maior ou menor, o que a gente aprendeu com esse resultado, mesmo no sucesso ou fracasso, o aprendizado foi incrível, vamos pegar esse aprendizado e vamos exercê-lo na prática, então essa postura diante da vida, de aceitar o processo, a mudança e se divertir, trazendo coisas novas, aprendendo coisas novas, errando no meio do caminho e rindo de si mesmo quando se erra, eu acho que para mim seria o conselho, a dica, aquilo que eu tenho experimentado, acho que vale a pena, porque o restante, nós temos muito conhecimento disponível, e se você tem uma curiosidade, hoje a grande riqueza é a atenção, uma das grandes riquezas que a gente disputa no mundo é a atenção, e a atenção segue o interesse, se tem interesse, tem atenção, o interesse segue curiosidade, se eu tenho curiosidade sobre um tema, eu me interesso, gero atenção, eu começo a ser bom naquele tema, e aquele tema me traz interesse, curiosidade sobre o outro, e eu vou nesse processo aos 70, 80, 50, 40, o que interessa, o que interessa é esse fluxo constante de aprendizados e permissão que a gente precisa ter, eu acho que é isso.

 

Muito bem, nós chegamos agora ao pinga-fogo, são três perguntas que eu faço a todos os convidados, quais são as virtudes do empreendedor de sucesso?

 

Visão, eu acho que visão é fundamental, você é empreendedor quando você enxerga alguma coisa, problema, uma solução, uma dor, um ganho, alguma coisa que você pode fazer por alguém, a visão é fundamental, enxergar além do empreendedor é fundamental, quando ele não está enxergando, ele começa a sofrer, começa a olhar muito para a operação e deixa de ser um empreendedor, na minha percepção.

 

Obviamente que resiliência, equilíbrio fazem parte desse tempero, sem isso não dá para conseguir, eu acho que é isso.

 

Eu acho que também nenhum negócio, nenhum modelo, nenhum projeto, ele pode ou precisa ser estável, permanente, tem que fazer pivotagem, talvez o cliente tenha mudado, talvez o produto seja diferente, talvez o mercado seja diferente, talvez o modelo seja diferente, abre, o que você está fazendo hoje?

 

Não se prender ao modelo atual, olhar realmente a possibilidade de eu posso continuar sendo empreendedor.

 

O que define o fato de eu ser empreendedor não é a loja, o site, a empresa, a indústria, o canal que eu tenho, isso é um elemento, um produto que eu tenho, não é o best-seller mais importante, é a minha capacidade de gerar best-sellers, é essa habilidade que eu tenho.

 

E quando eu olho para ela, eu olho, de repente não é livro, é outra coisa, quando eu começo a olhar o jogo de uma maneira mais ampla, acho que tem um poder, acho que isso é fundamental para um empreendedor de sucesso.

 

Tem uma palavra da neurociência que talvez traduza bem um pouco desse conceito que é a plasticidade, que é a capacidade de se moldar a realidade nova, uma realidade somada à anterior, vamos dizer assim.

 

Isso para mim é o meu mantra, eu cheguei aqui agora, fui ao supermercado em Praga, estava na Itália, na hora de sair ali, eu fiquei imaginando o meu cérebro nessa situação tentando se ajustar, ter novas conexões, eu estou em um novo lugar, isso para mim é meu mantra.

 

O que diferencia os sonhadores dos fazedores?

 

Olha, sonhar já é um grande mérito, eu acho que o sonho é um grande mérito, acho que falta sonho, faltam sonhadores, agora o sonhador por si só não resolve nenhum problema, não cria uma nova realidade, mas o sonho é importante, e o sonhar, sonhar mesmo, é grande, sonhar fora da caixa, sonhar, imaginar, visualizar.

 

O que difere um sonhador do realizador?

 

Eu acho que é, eu diria coragem, eu não sei qual é a palavra exatamente que eu posso usar que represente, eu vou, eu vou para o jogo, aquela coisa que você está na beira do campo, vou entrar em campo, posso perder de 10, posso ganhar de 10, eu vou entrar em campo, eu não vou ficar sentado olhando a vida, olhando as coisas e falar, ah eu podia ter ido, eu vou, se não der, não deu, mas eu prefiro ter a dor de ter ido e não ter dado certo do que ter ficado e falado, se eu fosse, eu acho que é isso que diferencia.

 

Eu uso eventualmente uma expressão de uma palavra que inclusive acho que nem existe no dicionário, segunda delas na verdade, a primeira é iniciativa, faz parte do sonho, mas a tocativa que faz parte da ação, a soma dos dois gera a acabativa, que é a conclusão, levando a crer que as duas palavras seguintes não estão no dicionário, mas enfim, elas são compreensíveis, né?

 

Perfeito, e encaixam perfeitamente bem, não é, fantástico, perfeito.

 

E a última, o que é design?

 

Ah, rapaz, design, eu me atrevo muito a definir design, mas eu diria pra mim, né, aliás eu mudei a minha maneira de entender muita coisa pelo design, como o design é incrível, como você enxergar, eu estive em Copenhague recentemente e eu vi que é uma cidade, uma marca em cima de Copenhague especificamente, é uma cidade que tem o design na veia, né, e é incrível o design lá de cima, no norte e tal, e você vê, na forma de você utilizar o transporte público, você vê o design presente na sociedade, a forma de pensar, né, e é incrível isso, no objeto, no fluxo, numa construção, na política, na forma de você resolver problemas no setor público, enfim, é incrível aquilo ali, está muito presente na forma das pessoas serem, você percebe mentidamente isso, foi incrível pra mim.

 

E eu acho que é o formato de conteúdo, né, aquele pensamento de formato de conteúdo, a gente, gosto da Marina Garcetti, vou citar até um exemplo do livro dela aqui, como filósofo de Barcelona, onde ela fala muito que aquilo que a gente instrumentaliza, se eu sou um tenista, eu pego uma raquete de tênis, aquilo me instrumentaliza também, se eu uso um computador, se eu uso um caderno, aquilo que eu utilizo, ou aquilo que eu vivo de ambiente, me instrumentaliza, me forma também, é um pouco disso, né, aquilo que eu construo me constrói, e vice-versa, é um ciclo de relação entre você e o ambiente, os objetos, é incrível isso, então o design está aí, está presente já aí, a forma como nós entendemos o que vivemos, o entorno que utilizamos, o que fazemos, acho que tudo isso é design, e eu sou encantado pelo design, eu utilizo muito design físico, estratégico, acho fascinante, e venho querendo me aprofundar mais, entender mais, me aprofundar mais em ferramentas, em práticas que utilizam o design, principalmente dentro da estratégia, você também é um designer estratégico, e tem muita coisa que dá para a gente poder fazer, estou fascinado com isso, mas acho que é um pouco disso, acho que é tudo que a gente interage, a forma como interagimos, construímos e aquilo que nos constrói, nos desenvolve também, acho que para mim isso é design.

 

Muito bacana.

 

O que me inspirou a fazer esta última pergunta do Penga Fogo é um livro editado por um amigo meu designer de São Paulo, que o livro exata faz essa pergunta para todo mundo, o que é design?

 

E ele usou vários designers, empreendedores e designers, para definir o que é design, cada página do livro tem então a resposta de um desses convidados, na última edição também fui convidado, e a minha resposta foi, é o silencioso diálogo da alma com a razão.

 

É uma poesia fantástica, repita por gentileza.

 

É o silencioso diálogo da alma com a razão.

 

Olha, é legal, me traduz um pouco o que você pensou ao colocar essa frase.

 

Eu não enxergo o design como um processo, eu enxergo o design como uma forma de pensar.

 

E o design, ele não só pensa possibilidades, como ele exige um atributo que todos têm, muitas vezes não explorado, que é a criatividade.

 

E o diálogo da criatividade muitas vezes é silencioso, a criatividade se expressa por coisas inusitadas.

 

A gente vive exemplos de criatividade construída a cada momento do nosso dia, basta acordar, basta olhar para o relógio, basta o despertador tocar uma música nova, enfim, tudo tem a criatividade relacionada e o design aplicar.

 

Então, por que ele é silencioso?

 

Porque a dinâmica entre as coisas que a gente produz e aquilo que as pessoas usufruem é construído por um design, por um pensamento que foi planejado, que foi criado, você traduz isso através da engenharia, da arquitetura, tu falaste de Copenhagen, tem um museu do design em Copenhagen, basicamente dos móveis, que eles foram precursores em vários estilos que são contemporâneos, inclusive até hoje, e nesse museu estão expostos os originais, é incrível, e realmente é um berço do design nórdico, então eu vejo o design como uma forma de pensar, e que muitas vezes não é percebido, daí o silencioso diálogo, a gente não escuta o silêncio, mas existe o diálogo de qualquer maneira.

 

E a criatividade, porque eu vejo que a criatividade vem da alma, ela vem muito mais da alma do que da razão.

 

É verdade.

 

Eu vejo que a razão é ela que externaliza a construção do design, mas eu acho que a origem está muito além disso, tem um quê de metafísica nesse processo, minha formação é filosofia, então eu busco muito dessa origem.

 

Eu quero te ouvir outras vezes sobre isso.

 

Eu me tornei designer, na verdade, eu não era designer, quer dizer, também a filosofia eu não fiz como forma de produção, como forma de entender a vida.

 

E também reflete, um parêntese, está no meu livro, que tu vai receber, o meu propósito de vida, que eu acabei descobrindo, ou melhor, eu acabei, não descobrindo, eu acabei contextualizando ele tardiamente, também depois do meu 50, eu estou com 55, e escrevi o livro depois desse processo.

 

O meu propósito de vida é ter uma vida próspera e harmoniosa em busca do conhecimento e de significado.

 

O conhecimento eu estou exercendo agora, contigo, eu estou aprendendo a cada palavra que tu traz.

 

É uma das grandes retribuições que o Paulo Brando me dá.

 

E o significado, talvez eu tenha estudado filosofia, foi já em busca disso, sem ter tão claro.

 

E no meu livro eu cito, porque eu ajudo através do processo de branding, e isso também se adequa à construção de um branding pessoal, é identificar o seu propósito, a sua missão, que é o ponto A, o ponto de partida, ou o porto de partida, e o ponto B, que é a visão, que é o ponto de chegada, que você quer buscar na vida.

 

E o meu livro traz essa, de maneira bastante ilustrada, como se pode construir isso, de maneira simples, de entender, vamos dizer assim, sem precisar fazer filosofia.

 

Fantástico.

 

Eu vou ler e quando nós começamos a nos conectar, eu acho que o Silker Film me interessou muito.

 

Design estratégico, enfim, uma forma de ver a vida e os próprios negócios, com um olhar estratégico, um olhar do design, falei, a conversa vai ser ótima.

 

E tem Silker.

 

Na mesma forma.

 

Nós entramos agora numa das sessões mais pesquisadas no site do Podbrand, podbrand.design, que é a indicação de leituras.

 

Quais livros impactaram a trajetória?

 

São muitos.

 

Uma das decisões mais difíceis para mim, quando eu virei nômade, que eu botei minha vida dentro de uma mala, foi deixar meus livros.

 

Eu tinha um instante de livros, de ter apegado a eles.

 

Então muitos.

 

E acho que o livro diz muito em determinadas fases da vida.

 

Então tem aquele livro que naquela fase foi fundamental.

 

Às vezes você volta naquele livro, tem livros que fazem você pensar, enfim.

 

Eu trouxe alguns aqui que têm a ver com a nossa conversa, e um que não tem, mas acho que faz sentido trazer.

 

Um é o Design de Culturas Regenerativas, do Daniel Christian Wall, que vou te mandar referência.

 

Que fala muito de mil possibilidades hoje que existem, porque a gente olha, tem uma frase que diz que o barulho faz mal, o mal faz barulho, o mal faz muito barulho.

 

E é um fato isso, e ele vai narrando diversas iniciativas no mundo, incríveis, onde as pessoas estão regenerando, criando formas de regenerar culturas de maneira muito interessante.

 

Esse livro eu recomendo.

 

Outro, a plataforma A Revolução da Estratégia, do Michael Goldbeck, que também me fez ver modelos de negócios como plataforma, um entendimento da dinâmica de uma empresa.

 

O modelo funil, compro, distribuo, vendo, e o modelo plataforma, onde você interage com entidades, enfim, também é muito bom, A Revolução da Estratégia.

 

E recentemente um livro chamado A Escola de Aprendizes, da Marina Garcés, que fala muito sobre conhecimento na atualidade, eu recomendo muito, é uma filósofa bem antenada com o presente e o que for, e eu recomendaria um livro fora da curva do Miyakoto, chamado Jerusalém Antes de Nascer o Mundo, mossambicano, que é um livro, se a gente, por exemplo, nós somos executivos, ou trabalhamos, ou somos empreendedores, aí a gente lê só livro que abre a mente, reforça o conceito, traz um novo processo aqui, outro ali, é legal ir para um livro, é interessante ir para um livro completamente diferente, e ele faz uma ginástica incrível, com muita ilustração, então eu recomendo o Miyakoto, Jerusalém Antes de Nascer o Mundo, são os quatro aí que eu sugiro, embora tenha muitos ainda, não é só de ler, eu acho que ler é o exercício da criatividade talvez que eu mais tenha exercido, porque você precisa imaginar.

 

O bom problema das indicações de livros do Paul Dubrand é que eu acabo querendo ler todos eles, e esses quatro já passam a ser a prioridade hoje, porque são os mais recentes, e todos eles me despertaram, curiosidade intelectual muito grande, vamos lá, vai ser um desafio Para facilitar o acesso de todos que nos acompanham, nós disponibilizamos os links desses livros diretamente na descrição, além disso eu convido vocês a explorarem a nossa sessão livro no site pauldubrand.design, lá nós reunimos uma curadoria com mais de 300 livros recomendados por nossos convidados, não deixem de conferir, e o link também está aí abaixo na descrição.

 

Bem, eu tenho ainda a pergunta do meu convidado da semana passada, o Marcelo Teixeira, ele é designer, arquiteto e professor, e que está completando o seu doutorado nesta área, ele fez essa pergunta sem ter ideia de que seria você o nosso próximo convidado, pergunta dele, como ficará a humanidade frente a esta avalanche de tecnologia?

 

Olha, é uma pergunta difícil que ele fez, a gente tem que, a verdade, a tecnologia e toda a tecnologia, toda a técnica, todo o instrumento, vai depender de como a humanidade vai conseguir funcionar ou utilizar, quando a gente fala de que o PIB sobe quando você compra um carro, se essa sociedade pensa dessa maneira, se o transito da minha casa para o meu trabalho demora duas horas, mas eu estou gerando PIB e esse é o valor, essa é a direção, a tecnologia vai nos deixar cada vez com mais problemas em áreas que a gente precisa resolver ou que ela nos minimizar ou entender de outra maneira, regenerar e tal.

 

Se a gente olha a tecnologia como uma ferramenta para resolver problemas graves do mundo, para realmente contribuir com a qualidade de vida da humanidade como um todo, independente da onde essa humanidade esteja, aí é uma outra coisa, vai depender, na minha opinião, muito obviamente da maneira como a gente vai se entender como humanidade e o que a gente vai fazer com isso.

 

O que é fato é que num mundo muito desigual, já uma estrutura muito desigual, qualquer evento novo, tecnologia, depende das condições que seriam mantidas ou seriam mantidas, aumentar essa desigualdade.

 

Então, quanto mais tecnologia chega, talvez essa desigualdade mais cresça.

 

Esse é um ponto, porque são tecnologias que podem ser utilizadas inclusive para diminuir essa desigualdade, para eliminar a sobra da miséria, para uma série de coisas que a gente precisa resolver como humanidade.

 

Não dá para a gente olhar o mundo da humanidade como, na ponta, vou dar um exemplo aqui, dos países ricos ou dos bilionários, ou da evolução tecnológica, ou do homem da Marte, a gente precisa olhar o nosso elo mais fraco como humanidade, que é uma criança morrendo de fome hoje.

 

O que é inadmissível num mundo que produz muito mais do que a gente precisa.

 

Então, se a tecnologia for utilizada com o objetivo e a intenção de resolver realmente problemas, a gente, eu acho que tá bem.

 

Agora, se a gente continuar na mesma lógica, por isso que eu acredito muito no design de culturas regenerativas, porque existem movimentos no mundo inteiro, e aquela coisa do impossível ser a soma dos impossíveis, esses movimentos pequenos, isolados, ou às vezes maiores, somados, constituem uma direção que pode vir a trazer a humanidade para um outro patamar social, um outro patamar de equilíbrio, depois da pandemia a gente está vivendo duas guerras, no mínimo, tem outras.

 

Nós continuamos insanos, com uma evolução tecnológica muito além da nossa evolução como espécie, como comunidade, vamos dizer assim.

 

Eu acho que a resposta para essa pergunta dele está muito aí, que se eu olho hoje, eu olho que a gente vai aumentar fortemente a desigualdade, a gente vai ter um problema de desemprego, de reposicionamento, inevitavelmente a gente precisa de uma qualificação de um grande número de pessoas para absorver essa tecnologia e conseguir se manter empregado junto com essa tecnologia.

 

Acho também que toda a tecnologia que vem, que muitas vezes a tecnologia que já usamos hoje, já vieram, já foram, quando chegaram, isso vai acabar, e a gente se molda também, ou seja, aquele profissional acaba sabendo utilizar aquela tecnologia, acaba a gente entrando numa equação, isso acontece, mas a gente não pode deixar de olhar um mundo totalmente desigual, com vários problemas, e que de fato a tecnologia vai talvez piorar isso.

 

Então eu torço muito para que o mundo tenha a visão do design, para que os governantes tenham uma visão do design, porque quando você pensa em melhorar a vida de milhões de pessoas, ou bilhões de pessoas na verdade, você está melhorando o sistema como um todo, você está equilibrando o sistema como um todo, então é inteligente você atuar vendo sistematicamente e atuando no sentido do equilíbrio, pensando como o design, é isso que eu imagino, mas é uma pergunta difícil.

 

E para finalizar, se você pudesse fazer uma única pergunta ao nosso próximo convidado, qual seria?

 

Olha, eu pensei numa pergunta aqui, que eu tenho curiosidade, que é, o que será sempre atual nos desafios futuros, o que para nós sempre vai ser algo, que a tecnologia, o mundo inteiro, vai ser sempre atual, sempre necessário, sempre importante, os desafios que a gente tiver no futuro com toda essa mudança tecnológica que vai haver.

 

Perfeito, será feito o nosso próximo convidado.

 

Bem, Rômulo, eu quero te agradecer muito, como eu gosto de aprender, e hoje foi espetacular poder te ouvir, e te agradeço muito pela dedicação do tempo e ter se engajado no propósito do Podbrand, que é ajudar as pessoas a alcançarem a sua melhor versão.

 

Muito obrigado, certamente a tua história de vida e toda essa bagagem como consultor e mentor que tu trouxeste hoje para a gente vai ajudar muito as pessoas.

 

Eu te agradeço enormemente essa conversa, parabéns pelo trabalho, parabéns pela iniciativa da Arte de Cor, eu acho que 2024, tenho certeza, vai ser um ano muito interessante, muito incrível e do Podbrand, estou à sua disposição no que você precisar, amei aqui a experiência e quero desejar a todo mundo que nos vê e ouve, muito sucesso em 2024, errem bastante, criem bastante e principalmente vivam a sua melhor versão.

 

Muito obrigado.

 

Um grande abraço e até breve, Rômulo.

 

Até.

 

Para continuar se inspirando e explorando mais histórias de transformação como esta do Rômulo, visite o nosso site podbrand.design, onde você encontrará todos os episódios e a curadoria dos livros que o Rômulo indicou e por todos os nossos outros convidados.

 

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